De acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim, a escola é um dos pilares de uma sociedade, cujo papel é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social. Entretanto, o projeto de Durkheim fracassa no cenário brasileiro, haja vista que são escassas, nos colégios do país, em especial os da rede pública, disciplinas que instruam a população estudantil a como administrar suas finanças. Essa situação, ocasionada, sobretudo, em razão da omissão do corpo docente nacional, contribui para o agravamento da desigualdade econômica na nação. Urge, portanto, que se discutam as causas e as consequências da ausência de educação financeira, assim como meios para implementá-la nas escolas do Brasil.
Em primeiro lugar, é imprescindível destacar a omissão escolar como catalisadora do fenômeno supracitado. Nesse sentido, consoante ao educador Paulo Freire, a educação é uma ferramenta libertadora, capaz de despertar a autonomia e o senso crítico dos estudantes. No entanto, a realidade nacional se destoa do que é proposto por Freire, uma vez que os colégios brasileiros, especialmente os da rede pública, não incluem, em sua maioria, o ensino financeiro como componente curricular, fato que impossibilita a boa gerência, por parte dos alunos, de suas finanças, o que compromete a autonomia econômica desses cidadãos. Depreende-se, pois, que a falta de medidas colegiais corrobora o problema em questão.
Por conseguinte, a problemática sob análise colabora para o recrudescimento de disparidades socioeconômicas no Brasil. Nessa lógica, o cantor Cazuza entoa, em uma de suas canções, “eu vejo o futuro repetir o passado”. Por analogia, percebe-se que esse trecho musical ilustra o cenário nacional, visto que a falta de aulas de educação financeira, que prejudica, principalmente, alunos pobres de escolas públicas, faz com que esses indivíduos, por não saberem administrar suas economias, empobreçam cada vez mais, além de permanecerem às margens da sociedade. Logo, o quadro exposto colabora para a existência de uma comunidade mais injusta e desigual.
Em virtude dos fatos mencionados, são necessárias ações educativas com a finalidade de fortalecer o ensino financeiro no Brasil. Desse modo, é dever do Ministério da Educação, como órgão estatal responsável pelas diretrizes educacionais, garantir o direito constitucional à educação ao tecido civil brasileiro, por meio da implementação das aulas de economia na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além da realização de palestras colegiais que dialoguem com a população acerca de mecanismos adequados para o controle de finanças e para investimentos em dinheiro. Tais ações devem ser efetuas a fim de que o projeto escolar desenvolvido por Durkheim seja melhor executado no cenário verde-amarelo.