Em sua música “Invisível” a banda Baiana System retrata a situação de crianças não vistas pela sociedade ao dizerem: “Você já passou por mim e nem olhou pra mim”. Nesse contexto, levanta-se a discussão em torno da invisibilidade e o registro civil como garantia de acesso à cidadania nas Terras Tupiniquins. Dessa forma, é válido questionar não só o comodismo social, como também a falta de conhecimento da população pobre dos seus direitos.
Sob esse viés, a invisibilidade é instaurada em decorrência do comodismo social. Logo, a população brasileira sofre com o péssimo costume de procurar os seus direitos em último caso, atrasando a emissão de documentos que dão direitos básicos como saúde, educação e lazer. Dessa maneira, jovens e adultos passam uma vida sem usufruir daquilo que os traria conhecimento e dignidade, consequentemente, tendo um atraso durante toda vida. Correlacionado a esse fato, o filósofo e humanista Erasmo de Rotterdam constata: “O hábito torna aceitável o pior dos absurdos”, reiterando que esse terrível hábito da sociedade brasileira apesar de absurdo foi comumente aceito, prejudicando a população no acesso à cidadania.
Ademais, a garantia de acesso à cidadania no Brasil com a invisibilidade e o registro civil em questão está associada a falta de conhecimento da população pobre dos seus direitos. Sob esse aspecto, a parcela marginalizada da população infelizmente sofre com a ausência de políticas públicas benéficas aos cidadãos, haja vista que a carência de conhecimento e a ausência de orientações para que esses direitos sejam alcançados é uma realidade da periferia. Desse modo, diversas pessoas passam a vida sofrendo com as mais diversas dificuldades, que facilmente poderiam ser estreitadas com uma simples emissão de um registro civil. Exemplificando essa situação, o escritor Ariano Suassuna afirma que há uma disparidade social no país que o dilacera em duas partes instaurando um abismo social, comprovando, assim, que a falta de acesso ao conhecimento da população pobre inibe a progressão na garantia da cidadania.
Portanto, ficam claros os percalços enfrentados com a invisibilidade e o registro civil na garantia de acesso à cidadania na atualidade brasileira. Por isso, o Ministério da Educação juntamente com os Cartórios de Registro Civil deve elaborar cartilhas que eduquem a população sobre a importância de viver uma vida usufruindo dos seus direitos, para serem distribuídas por meio da contratação de agentes conscientizadores que visitarão todos os lares brasileiros, a fim de cessar com o comodismo social e, consequentemente, reduzir o número de pessoas sem acesso à cidadania. Além disso, o Poder Legislativo deve elaborar uma lei que estabeleça a obrigatoriedade de cartórios em todas as maternidades. Assim, situações como a retratada na música de Baiana System não ocorrerão.