O quadro expressionista “ O Grito “ do pintor norueguês Edvard Munch retrata a inquietude, o medo e a desesperança no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhões de indivíduos assolados pela falta de de registro civil é amiudamente semelhante ao retratado pelo artista. Nesse viés, é crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais se destacam a negligência governamental e a desinformação das pessoas sobre a importante desse documento na garantia à cidadania. À princípio, é imperioso notar que a negligência governamental impulsiona a invisibilidade de pessoas pela falta de registro civil. Essa conjuntura de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das “ Instituições Zumbis “ de Zigmunt Bauman a qual as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido a baixa atuação do Estado, muitas pessoas são desprovidas do acesso à saúde, educação, e do direito ao voto por não possuírem a certidão de nascimento. Nessa perspectiva, para mudança dessa realidade é imprescindível uma intervenção estatal. Outrossim, é igualmente preciso apontar a desinformação das pessoas como outro fator que contribui para manutenção da invisibilidade social. Nessa perspectiva, estima-se que no Brasil há cerca de três milhões de pessoas sem possuírem a certidão de nascimento, segundo o jornal “estúdio.R7”. Isso se deve muitas vezes, a marginalização de pessoas que vivem em situações precárias, sem acesso à educação e por consequência informação sobre cidadania. Logo, tal desinformação contribui para agravar a o problema além de intensificar a desigualdade social. Depreende-se, portanto, que diante a invisibilidade social causada pela ausência de registro civil a milhões de pessoas no Brasil, é necessário que o Governo Federal intensifique a disseminação de informações a cerca da importância desse documento, através da contratação de mais assistentes sociais no país. Assim, esses profissionais terão direto acesso às pessoas marginalizadas, e muitas vezes desprovidas de informação, contribuindo dessa forma, com a garantia da cidadania desses indivíduos quando os instrui a fazerem a documentação. Espera-se assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch, delimitem-se apenas ao plano artístico.