De acordo com Aristóteles - notório filósofo da Antiguidade Clássica -, "O homem é um ser político". Nessa perspectiva, o indivíduo é capaz de tomar as próprias decisões e reivindicar os seus direitos. Assim, mostra-se relevante pensar na importância do acesso à cidadania no Brasil, uma vez que a desigualdade social e a negligência governamental configuram os maiores obstáculos para a obtenção do registro civil de muitos brasileiros.
A princípio, cabe ressaltar a influência da desigualdade no contexto de invisibilidade social. Isso porque, grande parte da população pobre vive em regiões de difícil acesso informacional e jurídico que, por sua vez, intensifica a alienação do indivíduo para com a sua cidadania. Prova disso, é a pesquisa divulgada no jornal Estudio R7 em 2015, o qual a maioria da população sem documentos individuais reside no Nordeste, região de maior concentração de pobreza no país.
Ademais, é importante salientar a falta de ação do governo brasileiro para mudar a problemática. Nesse contexto, o conceito de "Instituição Zumbi" de Zygmund Bauman - filósofo e pensador contemporâneo -, afirma que "O Estado tenta transparecer eficiência, mas não cumpre a sua função social". Ou seja, é papel do governo se comprometer com a atividade civil dos brasileiros, contudo, o mesmo não se compromete com essa responsabilidade.
Portanto, com o intuito de aumentar o número de pessoas com registro civil, é dever do Governo Federal (responsável pelo repasse de verbas), financiar um "multirão" de cadastro social em áreas economicamente vulneráveis, por meio da solicitação de alteração na LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias - , a fim de conceber visibilidade perante o Estado. Desse modo, mais pessoas estarão alinhadas à sua natureza política, como afirma Aristóteles.