O quadro expressionista “O grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, o medo e a desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, o sentimento de milhares de indivíduos assolados pela falta da educação financeira é, amiudadamente, semelhante ao ilustrado pelo artista. Nesse viés, torna-se crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais se destacam a negligência governamental e a escola. A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa que muitas pessoas sofram da falta de um ensino sobre como gerir as próprias finanças. Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades, observa-se o aumento de indivíduos que sofrem de inadimplência e que lutam até mesmo para garantir um segundo ou terceiro emprego para, assim, sobreviverem. Nessa perspectiva, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês e mudança dessa realidade, faz-se imprescindível uma intervençãoestatal. Outrossim, é igualmente preciso apontar o modo de ensino escolar sobre finanças como outro fator que contribui para a manutenção da falta da educação financeira. Posto isso, de acordo com o escritor brasileiro Rubem Alves, há escolas que são asas e outras que são gaiolas. Diante de tal exposto, percebe-se como o modelo escolar no Brasil aprisiona os alunos em superficialidades que não são suficientes para prepará-los ao modo de viver com prosperidade e poupança financeira. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar. Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar o problema supracitado. Dessarte, a fim de evitar com que inúmeras pessoas sofram de inadimplência, é preciso que o Estado – por intermédio dos mecanismos de redes sociais e mídia – crie propagandas/anúncios de instrução sobre como gerir o próprio dinheiro de maneira ilustrada e intuitiva, suficiente para toda a parcela da população com renda. Paralelamente, é imperativo que o Estado, por meio do Ministério da Educação, crie palestras sobre finanças aos alunos e coloque em sua grade curricular uma matéria reservada a educação financeira. Espera-se, assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch delimitem-se apenas ao plano artístico.