Na obra intitulada "Brasil, País do Futuro", o austríaco Stefen Zweig, em visita ao Brasil, defendeu a ideia de que essa nação estava destinada a ser uma das mais importantes do mundo. No entanto, 80 anos depois, as previsões do autor ainda não se concretizaram, e a questão da ocupação de cargos políticos por mulheres na federação é um dos obstáculos para que isso ocorra, visto que é baixa a representatividade feminina nessa esfera social. Observa-se, assim, que é necessário analisar os alicerces que sustentam esse atraso no desenvolvimento brasileiro, a citar, o patriarcalismo e a negligência do Estado, com o fito de buscar soluções para tais bases prejudiciais.
Nessa perspectiva, é fundamental compreender como o patriarcalismo contribui para a consolidação dessa problemática, uma vez que restringe a presença da mulher em cargos do governo. Nessa lógica, para entender tal apontamento, é válido destacar a novela "Fina Estampa", a qual tinha como protagonistas Baltazar e Celeste, um casal que possuía a hierarquia patriarcal, ou seja, ele trabalhava para sustentar a família e ela cuidava do lar e da filha. Além disso, por ser mulher, era agredida e inferiorizada por ele. Fora da ficção, essa assimetria também é percebida no setor político, pois, segundo a ONU Mulheres, o território nacional está em penúltimo lugar, no que tange à inserção feminina na administração pública. Em consequência disso, essa parcela da sociedade, por ser depreciada, não consegue ingressar satisfatoriamente em posições políticas, já que se sente coibida pelos dogmas ainda presentes, como a hostilidade imposta pela cultura patriarcal e a ideia de que a mulher é inferior ao homem. Logo, é necessário modificar esse cenário negativo, a fim de assegurar cidadania plena.
Ressalta-se, ademais, que a inércia do governo corrobora a realidade vivida pelas mulheres, posto que não adota ações suficientes para garantir a participação legislativa dessas pessoas, um exemplo disso é a precariedade de campanhas que fomentem o ingresso feminino em postos de direção oficial, apesar de estar instituída na Constituição Federal a obrigatoriedade de destinar 30% de cargos na política para as mulheres, sendo dever do Estado efetivar tal direito. A respeito desse contexto, é lídimo destacar que esse agente nega seu papel social, pois não cumpre efetivamente o que está determinado pela Carta Magna e, dessa maneira, colabora para que a falta de equidade política continue presente no Brasil. Destarte, é preciso que o governo reveja suas diligências sociais, no intuito de oferecer igualdade de gênero nesse campo coletivo.
Depreende-se, portanto, que o debate acerca dos entraves para inserir a mulher na política do país é imprescindível para a construção de uma sociedade justa. Para isso, o Governo Federal - órgão responsável pela garantia dos direitos civis e sociais - deve promover simetria política, por meio campanhas nos meios midiáticos, com o propósito de instigar a participação da mulher na política, bem como utilizar o mesmo veículo para debater e esclarecer a importância de excluir o patriarcalismo da sociedade. Essa ação pode ser acompanhada de uma cartilha para que possa esclarecer os direitos políticos e as consequências desfavoráveis do patriarcalismo. Enfim, será possível dar um passo rumo à idealização de Stefen Zweig.