Segundo Sófocles: "Nada grandioso entra na vida dos humanos sem uma maldição". Analogamente ao pensamento do filósofo, a internet, apesar de ser uma das principais redes de inter-comunicação global, é palco, na contemporaneidade brasileira, de uma crescente e descuidada exposição pessoal, exibindo o usuário a uma série de riscos e problemas. Logo, é fulcral a análise dos fatores que favorecem esse revés e das suas implicações para o corpo social, a fim de estabelecer o uso meticuloso desse veículo comunicativo.
Dessa maneira, deve-se, de início, pontuar a cultura exibicionista que impera, hodiernamente, como fator propulsor da problemática. Consoante o sociólogo Zygmunt Bauman, a invisibilidade, na era da informação, equivale à morte. Sob esse viés, numa sociedade individualista, competitiva e com frágeis relações, as redes sociais surgem como uma "dimensão" mais fácil de ser vivenciada, uma vez que a pessoa pode moldar desde sua imagem até a composição de seu grupo de amigos. Como resultado, a recorrência constante a tais mídias é preocupante, de modo a corromper a saúde psicológica e a segurança dos usuários em nome dos padrões de visibilidade idealizados, fazendo, por isso, urgente a alteração desse quadro de descuido.
Consequentemente, a vulnerabilidade viavilizada por esse hábito manifesta-se como uma resultante nefasta do imobilismo do imbróglio abordado. Nessa perspectiva, o Marquês de Maricá, político brasileiro, já afirmava o caráter corrosivo de alguns vícios. Similarmente, seria ilógico negar os danos intrínsecos no que concerne a exibição desenfreada, em geral, no âmbito digital, haja vista que possibilita não só a formação de um perfil detalhado de costumes, mas também colabora para a geração de um cenário de impunidade. Por conseguinte, facilita-se a ocorrência de violências, a exemplo de sequestros, discriminações e roubos programados, as quais encontram apoio no anonimato ofertado aos agressores cibernéticos.
Infere-se, portanto, a necessidade de medidas exequíveis que promovam o usufruto pleno das vias digitais cuidadosamente, com o intuito de ressignificar a premissa de Sófocles. Posto isso, cabe ao Mec - órgão promotor do desenvolvimento educacional - em parceria com as prefeituras municipais promover a realização de palestras informativas, através de saraus de solidariedade com o livre acesso populacional, sobre a importância de se restabelecer a coesão social, com o fito de fortalecer os laços inter-pessoais e atenuar a dependência da internet como essencial via de comunicação. Ademais, compete à mídia usar de sua abrangência para alertar sobre os perigos presente nessa seara.