O “milagre econômico brasileiro”, desenvolvido pelo presidente Médici no período ditatorial, foi responsável pela criação de obras faraônicas e pelo desenvolvimento do país. Entretanto, a utilização de empréstimos estrangeiros para a realização do progresso na economia acarretou um aumento da dívida externa e uma desvalorização na moeda nacional, além de um descontrole inflacionário. Diante desse cenário, nota-se os problemas financeiros no processo histórico do Brasil, o que evidencia, atualmente, a necessidade de se compreender o papel da educação financeira no desenvolvimento da autonomia dos brasileiros, para que crises econômicas sejam evitadas. Sendo assim, com o fito de intervir nessa questão, é preciso analisar dois aspectos: a importância da conscientização da sociedade e a banalização do assunto.
Nessa perspectiva, torna-se imprescindível a discussão sobre a educação dos indivíduos quanto aos aspectos financeiros, pois, dados divulgados por uma pesquisa feita pelo Senado demonstram que apenas 7% da população do país adquiriu conhecimento na escola ou em casa sobre como administrar o próprio dinheiro. Dessa maneira, fica evidente a urgência em reverter esse quadro do país, uma vez que os aprendizados sobre poupanças, economia e empreendedorismo contribuem para um melhor controle financeiro das famílias e uma manutenção do padrão de vida, evitando que problemas econômicos sejam agravados. Por fim, a família e a sociedade devem estar integradas em prol da conscientização.
Ademais, observa-se que os debates sobre finanças ainda é muito banalizado pela população. Segundo o sociólogo George Simmel, o indivíduo blasé é aquele que se mostra distante e indiferente em relação a um assunto que deveria ser tratado com seriedade. Isso, consoante ao que é afirmado pelo autor, demonstra que muitas são as pessoas que tratam esse tema com irrelevância. Porém, a população desconhece os benefícios de saber lidar com o dinheiro, como o fato de o controle econômico auxiliar na autonomia e na independência dos cidadãos. Dessa maneira, essa questão é tratada de forma banal, o que dificulta o aprendizado financeiro e contribui para a permanência de uma sociedade carente de conhecimento. Logo, destaca-se a necessidade de um maior debate à respeito dos aspectos econômicos.
Portanto, é preciso adotar medidas para que a educação financeira cumpra o seu papel na contribuição da autonomia dos brasileiros. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação, instituição responsável por solucionar os impasses no âmbito escolar do país, a adoção de disciplinas que tratem do empreendedorismo e do conhecimento financeiro com os estudantes, por meio da obrigatoriedade da implementação, da discussão e do desenvolvimento de atividades voltadas à disseminação do conhecimento e à propagação da conscientização, com o objetivo de fazer com que os jovens cresçam entendendo sobre a economia e sobre as formas de lidar com o dinheiro. Somente assim, esse assunto será tratado com maior importância e os problemas econômicos serão reduzidos.