A obra literária “Memórias Póstumas de Brás cubas”, do realista Machado de Assis, retrata o repúdio do protagonista ao rejeitar a personagem Eugênia por ser “coxa”. Não obstante, esse cenário dialoga com a atual conjuntura brasileira, evidenciando a dificuldade de inclusão social das pessoas com deficiências físicas. Nesse tocante, faz-se premente ressaltar que, no contexto da formação educacional, esses indivíduos sofrem periodicamente. isso porque, não só a inoperância governamental é insatisfatória, como também o preconceito enraizado socialmente permite o perdurar da situação-deletéria.
Sob esse viés, vale ressaltar que o Estado tem mostrado-se precário quanto a solucionar o ambiente excludente existente no Brasil. Durante o século XIX, a Família Real construiu a primeira escola voltada para a integração social. Nessa perspectiva, desde o período monárquico, notou-se a necessidade de uma educação inclusiva, atentando para o fato de que o meio coletivo determina as condutas de um indivíduo. Hodiernamente, mesmo com o estatuto da pessoa com deficiência e o direito à educação, a sociedade vive tensões retrógradas, posto que os necessitados especiais, até o presente momento, são vítimas de uma desimportância, a estatal, patenteado pelo seu lento progresso em “dar voz” aos que estão em desvantagem. Logo, é inescusável buscar alternativas para viabilizar e fomentar uma maior inclusão político-social.
Outrossim, soma-se à eficácia de políticas públicas, o preconceito enraizado no país. Porquanto, em virtude de pré-concepções, a sociedade tende a focar nas limitações dos necessitados físicos e não em suas potencialidades cognitivas. Por conseguinte, ocorre uma discriminação por capacitismo, que é um misto de atitudes preconceituosas contra pessoas com deficiência física, uma vez que não encaixam-se no padrão tido como ideal, acarretando efeitos psicológicos, a exemplo de transtornos psíquicos, prejudiciais em suas vítimas. Consoante São Tomás de Aquino: “todos os indivíduos de uma sociedade democrática possam ir à mesma importância”. Sendo assim, nota-se que há um longo caminho para atingir o dito desse frade católico.
Por tudo isso, urge a ação imediata, a fim de atenuar esse impasse. Para tanto, cabe ao Estado, órgão responsável pela administração pública da nação, ampliar o acesso à educação de necessidades especiais. Isso acontecerá por meio do Ministério da Educação, reformulando a grade curricular das escolas de ensino convencional, de modo que não haja algum tipo de exclusão em institutos especiais, com a finalidade de efetivar a didática inclusivista no país. Ademais, a mídia, por intermédio de seus meios de comunicação, deve potencializar as campanhas que retratem os portadores de biotipo deficitários como cidadãos dotados de capacidade cognitiva e sociabilidade, com o intuito de aplacar o preconceito. Dessarte, poderá preconizar-se uma sociedade engajada na plena formação educacional dos deficientes físicos no Brasil.