“Cidadania de papel”, termo cunhado pelo escritor paulista Gilberto Dimenstein, diz respeito à existência de direitos na teoria, os quais não ocorrem, de fato, na prática. Consoante a essa acepção, destaca-se a insegurança alimentar no Brasil no contexto pandêmico da COVID-19, a qual têm ferido o direito à alimentação adequada, se tornado preocupante e representado sérias consequências à sociedade. Tal empecilho, decorre não só devido à negligência governamental como também à diferença de distribuição de renda no país.
À luz dessa conjuntura, evidencia-se a negligência estatal como fator preponderante para a ocorrência da controvérsia. Abraham Lincoln, importante personalidade americana, disse em um de seus discursos que a política é serva do povo. Entretanto, no Brasil, com o advento da crise econômica em decorrência da pandemia da COVID-19, observou-se o aumento dos percentuais de insegurança alimentar, decorrentes da indiferença do governo que não têm investido para que famílias em situação de pobreza saiam do cenário de substituição e falta de alimentos. Dessa forma, a manutenção de políticas como o “auxílio emergencial”, que foi criado para ajudar famílias afetadas pela crise pandêmica, seria essencial para mitigar a situação e a não permanência de auxílio contribuiu, assim, para o agravamento da fome no país.
Outrossim, é imperioso pontuar que a diferença de renda entre as classes e famílias no Brasil, contribuem para agravar a insegurança alimentar nessa atual pandemia de COVID-19. De acordo com essa perspectiva, há um viés histórico de concentração de renda em uma parcela da sociedade, que contrasta uma diferença nas condições de vida dos indivíduos brasileiros. Nesse sentido, pessoas em vulnerabilidade econômica sentiram grande impacto durante a pandemia, principalmente com aumento do desemprego e paralisação da economia. Consequentemente, muitos desses indivíduos sofreram significativamente com falta de refeições e restrição alimentar, além de muitos passarem fome e procurar comida nos lixões em casos mais graves. Logo, é substancial a mudança desse quadro.
Portanto, torna-se necessário coibir a insegurança alimentar do Brasil neste contexto pandêmico e a longo prazo. Sob esse viés, cabe ao Governo Federal — como instância máxima administrativa — criar um projeto semelhante ao “auxílio emergencial”, através da sua inclusão na Base de Diretrizes Orçamentárias, voltado às famílias de pobreza e extrema pobreza, a fim de eliminar, de forma gradual, a insegurança alimentar do país e erradicar a fome da sociedade brasileira. Assim, esses indivíduos poderão desfrutar de uma cidadania não somente de papel.