No que tange à geografia urbana, Milton Santos, geógrafo baiano, categoriza a região concentrada(no critério do IBGE: região sudeste) como a localidade na qual se concentram os meios técnicos, científicos e tecnológicos. Todavia, tal urbanização acelerada teve como uma das consequências a desigualdade social e a dificuldade de ascensão econômica. Visto isso, essas contribuem diretamente na persistência da violência urbana e no desequilíbrio coletiva.
Em primeiro plano, é notório contextualizar, em uma perspectiva socióloga, ou seja, na análise empírica da sociedade, a segregação social e o impacto negativo dessa no funcionamento harmônico coletivo. Com isso, o Brasil, no índice de Gini(marcador que ranqueia os países, no quesito desigualdade, em uma escala de 0 a 1), marca 0,89, isto é, a 9ª nação mais desigual do mundo. Ademais, no contexto agrário, 1% dos grandes latifundiários detém 46% dos hectares brasileiros disponíveis(dados IBGE). Portanto, tais cenários contribuem para o incremento da violência nas cidades, pois a falta de perspectiva no campo gera um êxodo rural exacerbado e ilusório(no espaço urbano, a desigualdade não cessa), o que contribui para a recorrência de métodos imorais para o sustento, fomentando a violência.
Ademais, o fenômeno de recorrer à criminalidade para se ter probabilidade maior de ascensão social não é exclusivo das sociedades contemporâneas urbanas, isto é, há um histórico no processo civilizatório que não torna incomum tal realidade. Exemplificando, o historiador britânco, Perry Anderson, em sua obra ''Passagens da Antiguidade para o Feudalismo'', relata o processo de formação dos exércitos romanos: constituido de plebeus miseráveis que recorriam à atividade militar para ter a chance de saquear os territórios conquistados e poder ter uma mobilidade econômica ao voltar para casa. Logo, não é nova tal situação de carência de oportunidades para as classes mais simples, a qual faz com que essas apelem à imoralidade como última esperança.
Visto isso, a problemática da persistência da violência urbana é resultado de um grande fator: a desigualdade social. Logo, para a solução do problema, é necessária um ação do Estado para que se desenvolva a educação(com a melhora na infraestrutura das escolas e a valorização salarial dos professores, por exemplo) nas áreas periféricas e de baixo desenvolvimento social, de modo que os indivíduos, que lá vivem, possam ter possibilidade de qualificação acadêmica e profissional e, consequentemente, de mobilidade social. Visto, de modo convergente à máxima do economista austríaco, Ludwig Von Misses: ''Apenas as ideias, isto é, a educação, pode nos iluminar da escuridão''.