A trama adolescente "Sex Education", em um de seus episódios, retrata a gravidez indesejada de uma adolescente, a qual teve a opção e apoio para interromper a gestação através do aborto. Fora do contexto cinematográfico, no Brasil hodierno, as mulheres não têm essa alternativa de interrupção, uma vez que são muitos os desafios para a legalização do aborto no Brasil. Nesse âmbito, é imperativo discutir sobre como o descaso governamental e a alienação religiosa agem na questão. Sob essa ótica, é lícito postular como a não autorização do governo influencia na permanência de entraves para a legalização do aborto no Brasil. De acordo com a Constituição Federal, a vida de um feto deve ser conservada, pois a mesma é a favor da vida. Contudo, tendo em vista, por exemplo, a gravidez de uma moradora de rua, sem nenhuma condição financeira de cuidar da criança quando nascer, nota-se que o argumento do governo para que a mulher não impeça sua gravidez será extremamente prejudicial a sua saúde mental, pois ela terá que conviver com o peso de ter um filho em seus braços e com o fato de não ter como o alimentar e vestir, podendo, até mesmo, entrar em depressão pós parto. Dessa forma, a mãe poderá recorrer a meios ilegais para remover o bebê de sua barriga, contribuindo para que o aborto seja um problema no país, cuja resolução está na dependência governamental. Ademais, vale ressaltar como o pensamento religioso de que o aborto é pecado auxilia na permanência da problemática. Nesse sentido, na série "Grey's Anatomy" é abordada a situação da personagem Yang, ateia, que não queria prosseguir com sua gravidez e resolveu retirar o nenê. Diante desse cenário, vê-se que a personagem não teve nenhuma interferência religiosa em sua decisão, entretanto, no contexto brasileiro, o cenário é outro, visto que as igrejas pregam que o aborto é um pecado que pode levar a alma ao inferno pós morte. Com isso, as mulheres têm as suas vontades contidas pela religião, contribuindo para os desafios da legalização do aborto. Portanto, cabe ao Ministério da Família, responsável por tornar a família um lugar seguro, legalizar o aborto no Brasil, por meio de um projeto de lei entregue à Câmara dos deputados, com o fito de tornar essa decisão individual, dando, dessa forma, autonomia às grávidas para tomarem suas próprias decisão quanto ao futuro que desejam. Por fim, espera-se com essa medida mais mulheres bem resolvidas como as das séries supracitadas.