De acordo com Rousseau, o contrato social foi uma convenção que determinou as relações entre o soberano (Estado) e a vontade geral (povo) para preservar a liberdade natural do homem e garantir-lhe seu bem-estar e segurança em sociedade. Dessa forma, seguindo essa ideia, seria preciso definir a questão de igualdade entre todos e haver um interesse no bem comum. No entanto, essa realidade entra em contradição em relação ao assédio moral que acontece no ambiente de trabalho de milhares de brasileiros, os quais vivenciam atitudes abusivas que acabam a afetar o psicológico dos mesmos. Portanto, considerando que o governo se omite em relação à essas atitudes invasivas e que a sociedade “fecha os olhos” para essa questão, há que se analisar uma maneira eficaz e urgente de resolver essa quebra do contrato social proposto por Rousseau.
Em primeira análise, vale ressaltar a negligência do Estado na garantia dos direitos humanos, que vai contra a Constituição de 1988 na qual, em seu 7 artigo, preza à todos condições justas, dignas e favoráveis ao trabalho, para que os mesmos possam desempenhar suas funções de maneira plena. No entanto, tendo em vista a execução de atividades monótonas, cansativas e trabalho por horas excessivas, a situação se encontra análoga à obra Tempos Modernos (1936) de Charles Chaplin, a qual retrata a vivência de operários nos anos de 1930 na linha de produção e, por praticarem movimentos mecânicos repetitivos, acabam sendo alvos de desrespeito e humilhações ao realizar alguma ação incorreta. Assim, a desumanização dos funcionários se torna evidente e, ao permanecer negligente, o Estado não cumpre o papel constitucional.
Em segunda análise, o corpo social brasileiro, com bases no neoclassicismo arcadista, se fundamenta no princípio do “carpe diem”, ou seja, na efemeridade da vida e no aproveitar o dia, que dão abertura para que discursos como “trabalhe enquanto eles dormem” se tornem cada vez mais comuns. Nessa perspectiva, a população caba por “passar panos quentes” sobre os inúmeros casos de assédio moral na sociedade, o que leva ao trabalho excessivo e a uma competição desnecessária, criando um meio tóxico que não permite o pleno exercício profissional. Sendo assim, dentro de um local de constante tensão, medo e competitividade, os indivíduos não vislumbram do direito de trabalhar de uma forma digna.
Entende-se portanto a necessidade de mudança desse modelo imposto. Para diminuir os casos de assédio no ambiente de trabalho, faz-se necessário uma maior fiscalização e punição sobre os assediadores através de regras e leis, por meio do Ministério do Trabalho, feita pelo Governo Federal conjuntamente a empresas privadas. Paralelo a isso, cabe à sociedade usar das mídias, manifestações e passeatas para exigir que seus direitos constitucionais sejam cumpridos e que horas de trabalho sejam flexibilizadas, visando o bem-estar social de todos. Somente assim, o contrato social proposto por Rousseau será cumprido e o espaço de trabalho dos cidadãos brasileiros se tornará agradável e produtivo à todos.