Em sua obra "Utopia" o escritor Thomas More retrata uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de dificuldades. Fora da ficção, entretanto, o cenário é outro, inclusive no Brasil, visto que desafios como os associoados à formação educacional de surdos afetam a sociedade brasileira. Esse contexto é influenciado, diretamente, pela falta de amparos governamentais junto à indiferença populacional com o tema, dificultando, assim, a concretização dos planos de More. Em primeiro plano, é necessário enfatizar que a indiferença da governança, no que concerne fornecer recursos que facilitem a educação de deficientes auditivos, contribui para os desafios enfrentados por essa minoria. Apesar de, segundo a Constituição Cidadã, ser dever do poder público assegurar, desenvolver e implementar a inclusão da educação bilingue (Libras e língua portuguesa) nas escolas brasileiras, o Estado peca no cumprimento dessa responsabilidade. Assim, a realidade brasileira vai em desencontro com o que o filósofo John Rawls defende em sua obra "Uma teoria de justiça", na qual afirma que um governo ético é aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores, promovendo uma igualdade de oportunidades a todos os cidadãos. Por outra perspectiva, é importante salientar que o corpo civil tem papel fundamental na redução das dificuldades enfrentadas pelo grupo em âmbito educacional. Por fazerem parte de uma minoria, pessoas surdas são alvo de preconceito -velado, ou não- por uma fração da sociedade, seja em ambiente escolar, no que tange violência e exclusão, e, futuramente, em ambiente laboral, uma vez que empresas optam pela não contratação de deficientes, prevalecendo a desvalorização das diferenças. Essa ação egoísta e inconsequente é retratada por Lipovetsky, autor da obra "A era do vazio", que expõe de maneira clara a indiferença do ser humano ante seu semelhante na sociedade contemporânea. Dessa forma, o resultado disso é a criação de obstáculos que impossibilitam ainda mais a formação educacional de surdos no país. Diante do que foi abordado anteriormente, fica clara a necessidade de realização de medidas que solucionem a problemática. O Governo Federal, deve destinar a verba pública para investimentos estruturais, reformando e contratando profissionais especializados, que garantam a acessibilidade plena de deficientes auditivos em colégios públicos e privados de todos os estados brasileiros, diminuindo os desafios para a educação desse grupo. Além disso, as prefeituras locais devem utilizar dos meios de comunicação, para promover propagandas que enfatizem a necessidade do cuidado e respeito com surdos e as consequências disso na vida desses, promovendo, assim, a diminuição dos preconceitos irraizados na sociedade.