A comédia nacional “Até Que a Sorte Nos Separe” relata a história de uma família que ganhou na loteria e, então, ficaram milionários. Porém, devido à má administração do dinheiro eles faliram e voltaram a ser pobres. Ao contrário da ficção, na realidade brasileira, a falta de educação financeira na sociedade não é cômica, e sim trágica. Desse modo, a educação financeira é suma importância, visto que, coaduna para o pleno desenvolvimento do cidadão, pois proporciona conforto, liberdade, independência e além disso, em longo prazo, é possível mudar a situação econômica do país como um todo. Por isso, urge discutir, entre governo e sociedade, os principais aspectos inerentes à problemática na tentativa de combatê-la e garantir o bem coletivo.
Dito isso, deve-se pontuar que, o Brasil sempre carregou essa cultura de gastar mais do ganha. A exemplo disso tem-se a Política De Panos e Vinhos onde os portugueses exportavam o vinho para a Inglaterra e importavam produtos têxteis, que eram mais valiosos, e por conta disso estavam sempre em déficit econômico. Mais de séculos depois, a situação se perpetua, a prática dos brasileiros é de gastar e não de poupar, dado comprovado pelo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), no qual afirma que mais de 67% dos brasileiros estão endividados, recorrido falta de conhecimento dos indivíduos para gerir ganhos e despesas. No contexto da atual da pandemia também ficou bem evidente a falta de planejamento financeiro dos brasileiros, uma vez que nem as pessoas e nem as empresas possuíam reservas de emergência, que é a “caixa básica” da educação financeira.
Também é importante ressaltar que, existe relação entre saúde mental e a falta de dinheiro, em razão da preocupação constante dos endividados, e de acordo com o filósofo grego Platão, o importante não é viver, mas viver bem e, nesse cenário, a educação financeira é fundamental para a qualidade de vida. Contudo é possível afirmar que, em virtude desses fatos, o Governo está falhando diante o artigo 205 da Constituição Federal - lei máxima do país - na qual reconhece o dever do Estado de proporcionar educação ao cidadão. Na tentativa de ajudar a solucionar tal falha, foi alterada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que, agora, prevê o conteúdo sobre educação financeira como obrigatório durante toda formação dos estudantes e como transdisciplinar.
Por tudo isso, fica evidente a situação trágica no país devido à falta de educação financeira. Por isso, faz-se necessário o governo federal, por intermédio do Ministério da economia, crie um canal no YouTube, no qual publicará, semanalmente, vídeos gravados por economistas renomados, os quais tratem questões relacionadas à educação financeira, com linguagem acessível e exemplos cotidianos, a fim de disponibilizar gratuitamente à população um meio prático de instrução. Ademais, é preciso que as empresas privadas, periodicamente, contratem um gestor financeiro, especialista em economia familiar, para ensinar os funcionários, por meio de minicursos, a lidar com o dinheiro, a poupar a partir do pouco e a instruir as crianças sobre os primeiros passos da educação financeira, com o intuito de capacitá-los a realizar melhor a administração financeira da própria família.