Em 2015, foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas(ONU) a chamada “Agenda 30'', a qual entre seus diversos objetivos de desenvolvimento para 2030 também visa garantir o acesso universal e seguro à água potável. Entretanto, tal objetivo é uma ficção distante, visto que o Brasil sofre em meio a uma crise hídrica. Nesse sentido, tanto a negligência estatal quanto a agropecuária afastam a população brasileira do desenvolvimento idealizado pela ONU.
Sob esse viés, ressalta-se como exemplo de negligência estatal que apenas no ano de 2021 foi aprovada uma emenda da Constituição Federal garantindo o acesso à água potável como um dos direitos fundamentais. No entanto, apesar de atualmente o acesso à água ser garantido pela Constituição, essa é uma garantia teórica, conforme defende Gilberto Dimenstein em sua obra "Cidadãos de papel”, ou seja, que não ocorre na prática por causa da ineficácia do Estado. Logo, denuncia-se o quão nocivo é o desleixo governamental, uma vez que configura um quadro inconstitucional corroborando para que o país viva de “direitos de papel''.
Ademais, destaca-se que a agropecuária é responsável por mais de 97% do consumo total de água no Brasil, conforme dados levantados pelo IBGE em 2017, ou seja, é o setor que mais utiliza água no país. Em vista disso, não é mais sustentável produzir a quantidade de carne que é consumida e a crise hídrica é uma das consequências desse fato, segundo foi divulgado no documentário Cowspiracy, lançado em 2014, a pecuária é um dos principais causadores da degradação dos recursos ambientais no mundo inteiro, incluindo a água. Desse modo, o consumo de carne e a agropecuária como é praticada na atualidade incapacita o Brasil não só de cumprir com a Constituição mas também é uma inimiga do futuro do planeta.
Portanto, é necessária intervenção estatal com medidas para mitigar os efeitos da crise hídrica no Brasil. Nessa lógica, é dever do Governo Federal elaborar uma política pública para informar sobre o uso da água e incentivar a redução do consumo de carne por meio de campanhas na internet, televisão e rádio. Além disso, ainda como parte desse meio, fornecer cartilhas informativas sobre dietas veganas aplicáveis na rotina e seus benefícios relacionados ao meio ambiente. Por fim, visa-se um desenvolvimento sustentável garantindo um acesso universal à água potável como estabelecido em 2015 pela ONU.