TEMA: Desafios no processo de adoção no Brasil
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Na série "O gambito da rainha", Jolene, uma personagem negra, discute, algumas vezes, a seletividade que muitas famÃlias têm no processo de adoção e alega que ela e sua amiga não serão adotadas por serem velhas ou pretas demais. Fora da ficção, o Brasil é dono de uma realidade similar, uma vez que um dos grandes desafios para garantia de um lar a suas crianças e adolecentes é a série de preferências que os adultos têm para adotar, o que colabora com a lentidão desse processo e tira a oportunidades de alguns pequenos especÃficos terem acesso à convivência familiar, tão importante na formação do indivÃduo.
Diante desse panorama, dados do "Conselho Nacional de Justiça" (CNJ) apontam que mais da metade dos interessados em adoção não aceitam crianças acima de seis anos, com algum problema de saúde ou com alguma deficiência. Essa seletividade destrói o propósito do acolhimento à um novo seio familiar, já que o processo adotivo é uma ferramenta de proteção aos menores de idade - não uma vitrine de loja - presente na Constituição Federal, de 1988, no artigo 227, como forma de garantir dignidade e uma série de direitos, como a proteção, alimentação, e convivência familiar.
Posto isso, os pequenos demoram a ter ou perdem a oportunidade de crescer com uma famÃlia. Tal instituição é muito importante para o desenvolvimento do indivÃduo, pois esta é quem deve educar, como destacado pelo filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella. Além disso, o "Estatuto da Criança e do Adolescente" também discorre sobre o assunto e aponta que é direito do infante crescer com uma famÃlia em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. Sendo assim, a forma como a adoção é enxergada por muitas pessoas precisa mudar, de forma que o ato seja funcional para aqueles que realmente devem se beneficiar nesse processo.
Faz-se necessário, portanto, que a mÃdia televisiva, por meio de novelas e séries, debatam o assunto e informem os brasileiros acerca da importância da adoção e o quão ruim pode ser a seletividade rigorosa nesse processo, a fim de criar reflexões no público e conscientizá-lo. Além disso, é positivo e mister que os influenciadores digitais que tratem sobre maternidade e adoção, como Giovanna Ewbank, criem campanhas para suscitar o debare sobre a seletividade e trazer visibilidade para o processo de perfilha e sua importância, por meio de suas redes sociais. Com isso, espera-se mudar a realidade tratada em "O gambito da rainha" e garantir um lar para todas as crianças que precisam de um.