O pensador Byung-Chul Han, filósofo contemporâneo sul-coreano, aborda, em seu livro, Sociedade do Cansaço, a atual sociedade do desempenho, a qual visa uma alta produtividade e excelência no trabalho. Todavia, tal perfeccionismo conduz ao cansaço social, afastando as pessoas da dita perfeição, e, em decorrência disso, segundo Byung, esse modo de viver gera "depressivos e fracassados", fato o qual é visto em uma parcela da geração atual — conhecida popularmente como "nem-nem", ou seja, não trabalha e nem estuda — já que, devido à pandemia vigente, diversos jovens ficaram à mercê das péssimas condições econômicas brasileiras. Sob esse viés, não só o descuido estatal com o meio educacional é um empecilho, mas também a baixa disponibilidade de empregos ao público juvenil.
A princípio, é válido ressaltar que a inércia governamental com a educação do país afeta diretamente a juventude. Nessa conjuntura, percebe-se que a falta de projetos educacionais nas escolas desmotiva os estudantes, assim como a infraestrutura inadequada — tanto de colégios quanto de universidades públicas. Nessa perspectiva, tais fatores corroboram a evasão escolar, que, consequentemente, ocasiona impactos ao cenário econômico do país, já que esses jovens tem dificuldade em encontrar um emprego, por causa da desqualificação profissional que o abandono escolar traz. Convém afirmar, portanto, que é imprescindível uma ação apaziguadora do Governo, com o intuito de fornecer a geração "nem-nem" melhores condições educacionais.
Outrossim, cabe afirmar que o desemprego em massa desse tecido social também é um empecilho pertinente. Desse modo, com a pandemia do coronavírus, um dos grupos mais vulneráveis aos desafios do mercado de trabalho foi o juvenil, tendo em vista que obtiveram ínfimas experiências profissionalizantes, pressuposto o qual torna mais difícil sua entrada no âmbito laboral, já que, decerto, as empresas dão prioridade a pessoas com mais conhecimento em sua área ocupacional. Por conseguinte, é fulcral uma ação estatal, a qual forneça meios para a adequação e para a entrada desse grupo na vida trabalhista.
Destarte, é mister a atuação do Estado, o qual deve prover um melhor ensino e uma melhor infraestrutura em escolas e em universidades, por intermédio de verbas direcionadas ao setor educacional, com o fito de diminuir os números de jovens que optam pela evasão escolar no Brasil. Ademais, cabe ao Ministério da Educação — MEC — fornecer projetos profissionalizantes nos colégios, com o propósito de oferecer mais oportunidades à geração "nem-nem" para seu ingresso no mercado de trabalho. Porquanto, mediante essas ações, será possível distanciar a juventude dos impasses previstos pelo filósofo sul-coreano supremencionado.