Na série “The Walking Dead” é retratada a convivência entre homens e mulheres em um mundo pós-apocalíptico, no qual as mulheres sofrem vários tipos de violência. Análogo à série, na realidade, muitas vezes a relação de convívio é marcado por agressões às partes. Tal cenário faz-se presente em virtude da negligência governamental, bem como a falha educacional, o que agrava ainda mais o óbice em questão.
A priori, vale salientar a displicência por parte da Entidade Federativa em promover segurança à sociedade brasileira, uma vez que a população com o advento da pandemia da Covid-19 e, consequentemente, do isolamento social, vive a mercê da violência doméstica, com ressalva para as mulheres, que sofrem feminicídio. Tal conjuntura entra em desacordo com a Carta Magna de 1988, na qual diz respeito à segurança ser um direito de todos e dever do Estado. Este cenário configura uma anomia social, teoria do estudioso Ralf Dahrendorf, a qual se refere à legislação quando não é efetuada de maneira efetiva. Assim, mulheres são vítimas de violência diariamente, e, muitas vezes, acabam morrendo.
A posteriori, vale ressaltar a falha educacional presente no corpo social, uma vez que os homens se sentem superiores às mulheres por um pensamento enraizado na sociedade brasileira. Este faz com que o sexo masculino acredite ter o direito de praticar violência (física, psicológica, sexual, moral e patrimonial) contra o feminino. Tal cenário caracteriza um “Habitus”, teoria do estudioso Pierre Bourdieu, na qual se refere a um comportamento enraizado na comunidade e transmitido às demais gerações. Assim, as mulheres vivem com medo e a mercê da violência praticada pelos homens.
Portanto, em virtude dos fatos mencionados, faz-se necessário que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos desenvolva políticas públicas de ampliação da delegacia feminina, por meio da implantação de postos nos departamentos de polícia locais, sob responsabilidade de mulheres policiais, com o fito de facilitar a denúncia e apreensão do agressor. Ademais, o MEC deve desenvolver projetos que busquem naturalizar o discurso do fim do machismo, por meio de divulgações e propagandas, a fim de diminuir a violência doméstica. Assim, cenas como as de “The Walking Dead” não serão recorrentes.