Manoel de Barros, grande poeta pós modernista, desenvolveu em suas obras uma “crítica ao desamparo “que consiste em, frequentemente, criticar situações esquecidas ou ignoradas. Ao seguir a lógica barrosiana, faz-se preciso evidenciar manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados, ainda que seja desconhecido pela sociedade. Dessa maneira, é preciso analisar a ilusão de escolha e a negligência estatal. Em primeira análise, cabe destacar que o direito ao livre arbítrio é assegurado, constitucionalmente, a todos os brasileiros. Nesse viés, é imperioso trazer o discurso do escritor Gilberto Dimenstein, do livro “Cidadão de Papel “no qual é conceituado os cidadãos de papéis - indivíduos que são manipulados por um governo autoritário. De maneira análoga, ocorre uma ilusão de escolha nos usuários das redes sociais, visto que, as publicações são determinadas por um algoritmo que apenas as empresas possuem conhecimento. Além disso, um estudo realizado pela OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) no Brasil, em 2018, mais de 60% das pessoas são influenciadas pelo consumo de produtos que são mostrados em sua tela. Por conseguinte, é igualmente preciso apontar a negligência estatal, como fator que contribui para a manipulação. Isso porque, o Estado é a ferramenta mais forte para pressionar as corporações bilionárias que estão controlando os indivíduos na internet. Para entender tal apontamento, é pertinente trazer o livro “Pedagogia da Autonomia “do sociólogo Paulo Freire, em que ele destaca que além de um ensino técnico-científico, é necessário ensinar a autonomia intelectual, visando evitar a manipulação por um estado não democrático, posto que, as empresas agem de forma autoritária. Infere-se, portanto, a urgência de medidas interventivas com o fito de amenizar a questão. Nesse sentido, o Governo deve, por meio do Ministério da Defesa criar uma lei que obrigue as empresas mostrarem a lógica dos algoritmos para a seleção de conteúdo para os usuários. Dessa forma, o intuito de tal ação é existir mais transparência para os clientes e, consequentemente, não ocorrer manipulação de dados. Ademais, cabe ao Ministério da Educação promover campanhas em redes nacionais com o objetivo de explicar os riscos da obediência influenciada. Feito isso, o quadro, finalmente, será modificado no país.