Na série de revista " Turma do Chico Bento " é retratada a história de Chico, personagem principal, que devido aos "vícios" da fala rural, sofre constantemente por discriminação de alguns personagens pelo seu modo de falar. Fora da ficção, no Brasil, práticas de preconceito linguístico, como as sofridas por Chico, são recorrentes por causa das diversas variações linguísticas existentes na sociedade. Nesse sentido, faz-se necessário analisar a ausência de instituições educacionais, bem como a má formação familiar como principais causadores para presença do preconceito linguístico em território nacional.
Deve-se pontuar, de início, a falta de escolas como um fator predominante para a problemática. A Constituição Federal de 1988, no artigo 205, garante promover educação a todos os indivíduos como um direito constitucional. Entretanto, as práticas de preconceito linguístico são corroboradas da insuficiência no cumprimento desse direito, uma vez que há diversas regiões e periferias que não têm acesso à instituições educacionais. Sendo assim, essa ausência torna-se um fator relevante para a propagação do preconceito linguístico a medida que nessas regiões há a falta do ensino da base escolar, que sobretudo, é a fala.
Além disso, cabe frisar a má formação familiar dos cidadãos praticantes da discriminação linguístico como outro fator que corrobora para a problemática. Nesse contexto, o sociólogo Talcott Parsons traz uma relevância ao pontuar que a família é como uma máquina que produz personalidades. Nessa perspetiva, pode-se analisar que o indivíduo durante o crescimento e no ensino, pela família, dos princípios educacionais formadoras de sua personalidade, pode torna-se praticamente da empatia ao invés do preconceito se a ele for ensinado durante a sua "produção" de personalidade. Logo, é notório que a formação familiar escassa desses ensinamentos possuí um papel fulcral para a ocorrência essas práticas.
Portanto, para que o preconceito linguístico não seja uma realidade enfrentada pelo Brasil, precisa -se de intervenções. Para esse fim, cabe ao Ministério da Educação (MEC) em parceria com Ong's Educacionais promover acessibilidade à educação para esses indivíduos menos favorecidos, por meio da construção de instituições educacionais nessas regiões com verbas cedidas pelo Governo Federal para que a educação esteja ao alcance de toda a população. Em paralelo, o Ministério da Educação deve promover palestras em escolas e universidades públicas para as famílias brasileiras com o intuito de conscientizá-las sobre a importância da empatia contra a discriminação e que deve ser ensinada para a criança desde à infância. Desse modo, a história vivida por Chico poderia ser distinta em relação a dos brasileiros em questão, além de um direito constitucional ter seu cumprimento pleno no Brasil.