Guerra nas ruas: o problema da violência urbana no Brasil.
De acordo com o filósofo contratualista Thomas Hobbes, na condição anterior à constituição da sociedade civil - denominada Estado de Natureza - os homens viviam em uma constante “guerra de todos contra todos”. De forma análoga, no mundo atual, os elevados índices de violência urbana denunciam que os indivíduos são movidos por ambições e vontades que impedem o convívio harmônico entre as pessoas, assim como no Estado Natural caracterizado por Hobbes. Com efeito, há de se desconstruir a maldade humana e a negligência governamental.
Em primeiro plano, evidencia-se que a crueldade nas relações humanas no ambiente urbano favorece a sensação de insegurança. A esse respeito, Hannah Arendt desenvolveu o conceito de Banalidade do Mal, segundo o qual as atitudes cruéis são parte do cotidiano moderno e tornam as relações sociais caóticas. Nesse viés, a prática de atitudes hostis, como roubos e assassinatos, representa a maldade denunciada pela filósofa alemã e é capaz de prejudicar a comunidade como um todo. Dessa forma, não é razoável que a violência urbana permaneça em uma nação que almeja o desenvolvimento.
Além disso, a omissão do Estado também contribui para a problemática. Nesse sentido, o pensador Norberto Bobbio afirmava que “os órgãos públicos se mostram incapazes de fazer frente às demandas da população ou por ele provocadas”. Ocorre que a falta de políticas nacionais de segurança mais eficientes, evidencia que, apesar da relevância, a redução dos números de crimes violentos no meio urbano não é uma pauta prioritária para o governo brasileiro e corrobora a afirmação de Bobbio. Assim, enquanto a falta de segurança pública for regra, a cultura de paz será exceção.
Infere-se, portanto, que medidas interventivas são necessárias. Desse modo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública deve redobrar a vigilância nas vias urbanas, por meio da instalação de câmeras de segurança, e aumentar o número de patrulhas e rondas de fiscais e policiais. As mídias sociais, por sua vez, devem fomentar atitudes empáticas, mediante debates nas redes. Essas iniciativas teriam como finalidade reduzir o número de crimes violentos, aumentar o sentimento de segurança e, ainda, evitar que se perpetue, no Brasil, a “guerra nas ruas”.