O jornalista Gilberto Dimenstein, em sua obra "Cidadão de Papel", afirma que a legitimação de uma sociedade democrática exige a garantia dos direitos fundamentais de um povo. No entanto, ao observar o histórico desafio de se valorizar o professor no Brasil, constata-se que esses direitos não estão sendo pragmaticamente assegurados. Com efeito, é imprescindÃvel enunciar o aspecto sociocultural e a insuficiência legislativa como pilares fundamentais da chaga.Â
Nesse contexto, torna-se evidente a influência do fator sociocultural. Sob tal perspectiva, é oportuno assinalar que, conforme o sociólogo Émile Durkheim, um fato social deve ser analisado de modo crÃtico e distanciado do senso comum. Nesse viés, a proposta do pensador pode ser aplicada quando se observa que, historicamente, o professor, uma das profissões mais importantes de um paÃs, vem sendo desvalorizada pela sociedade, sendo tratados com desrespeito e recebendo baixos salários em comparação com seu esforço e necessidade. Destarte, dissertar criticamente sobre a problemática é o primeiro passo para a consolidação de uma sociedade equânime.Â
Ademais, é cabÃvel pontuar que a ineficácia das leis corrobora a persistência da vicissitude. A esse respeito, o filósofo grego Aristóteles afirmou que o objetivo da legislatura é promover a vida digna aos cidadãos. Nesse sentido, a conjuntura vigente contrasta o ideal aristotélico, posto que a ausência de polÃticas públicas que promovem o desenvolvimento da profissão, assim como vagas para especializações, são causas para a estagnação da profissão e sua futura desvalorização. Desse modo, faz-se imperiosa a reformulação dessa postura estatal.Â
Infere-se, portanto, que o imbróglio abordado necessita ser solucionado. Logo, concerne ao Ministério das Comunicações -órgão máximo regulador da telecomunicação do paÃs- promover debates com professores e autoridades polÃticas, por meio de programas televisivos vinculados em canais de sinal aberto e horário de grande audiência, com o objetivo de mostrar as reais consequências do descaso da profissão e desenvolver medidas para a atenuação do problema. Feito esses pontos, com a visão crÃtica de Durkheim e a justiça de Aristóteles, a comunidade brasileira deixará de ser formada por cidadãos de papel, como enfatizou Dimenstein.Â