Vigente atualmente, a Constituição Cidadã, de 1988, tem como importante objetivo defender a preservação ambiental, para que as próximas gerações possam usufruir dos recursos naturais existentes no Brasil. No entanto, esse princípio é ferido pelo comércio ilegal de animais silvestres, dado que essa atividade ameaça a existência de espécies inteiras. Assim, cabe entender as dificuldades de tal cenário, com a finalidade de traçar caminhos de combate, sobretudo, no que tange à falta de conhecimento da população em geral e à influência da atual crise financeira.
De início, é uma dificuldade para o indivíduo atuar na resolução de um problema que nem sabe existir, como pode acontecer com um comércio ilegal que busca se ocultar dos holofotes da sociedade. A partir dessa observação, cabe destacar que, para Arthur Schopenhauer, há uma predisposição do ser humano em delimitar sua perspectiva totalitária de mundo por meio do seu próprio campo de visão. Sob essa ótica, é possível perceber como a carência de informações divulgadas publicamente sobre a gravidade com que a fauna brasileira é predada, visando abastecer um mercado clandestino, é um fator que dificulta o combate desse quadro, dado que sujeitos desinformados não se constituem como figuras ativas de reparação. Prova disso é como uma das etapas fundamentais das campanhas de mobilização popular é a conscientização acerca da existência do revés que precisa ser confrontado. Desse modo, se o público geral continuar sem conhecer a gravidade da adversidade em análise, os importantes recursos naturais do país vão continuar a serem usurpados, sem um movimento de resistência forte o suficiente para deter os contrabandistas.
Além disso, a incapacidade interventora do Estado, exacerbada pela crise financeira vigente, é determinante para a insuficiência do combate à caça e destruição da fauna silvestre nacional. Essa perspectiva é ilustrada pela BBC Brasil, ao noticiar como a pandemia de coronavírus agravou a que já seria a pior década para a economia do país em mais de um século, com o PIB sendo reduzido em mais de 4%. Essa informação contribui na compreensão de que a federação enfrenta uma escassez de recursos prejudicial ao poder interventor das autoridades responsáveis, que, então, falham em coibir a compra e venda de animais selvagens. Esse argumento é demonstrado pela omissão estatal frente à necessidade de mais investimentos em um policiamento capaz de rastrear e desmantelar as redes contrabandistas operantes. Dessa forma, é preocupante que a agenda política não tenha sido capaz de assegurar os direitos estabelecidos, mesmo com o pouco capital disponível.
Portanto, o Estado não pode mais postergar sua responsabilidade em zelar pela natureza tupiniquim, precisando agir urgentemente. Para isso, o Governo Federal, por meio de projeto de lei, deve criar parques de preservação, abertos ao público. O objetivo dessa ação é incentivar o turismo enquanto arrecada recursos, que podem ser usados no combate ao tráfico de animais e, ao mesmo tempo, conscientizar a população sobre a importância de proteger o patrimônio natural brasileiro. Por fim, é claro que outras medidas devem ser tomadas para que todas as espécies nativas sejam resguardadas, mas esse é um primeiro passo imprescindível nesse sentido, tornando a Constituição Cidadã mais íntegra e o futuro melhor conservado.