O preocupante aumento da criminalidade entre os jovens brasileiros.
Na obra “Capitães de Areia”, do escritor modernista Jorge Amado, é retratada a dura realidade de um grupo de jovens que, marginalizados e excluídos da sociedade, entram no mundo do crime como forma de sobrevivência. De maneira análoga à produção literária, no Brasil hodierno, a crescente criminalidade entre os jovens configura-se como um problema alarmante. Nesse viés, é cogente apontar a lacuna educacional e a inoperância estatal como fatores que fomentam a perpetuação do imbróglio na nação.
É fundamental destacar, primeiramente, que a falha do sistema de ensino atua como um entrave para a superação da alta delinquência entre menores brasileiros. Nesse sentido, conforme defende Paulo Freire, em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, a escola deve afastar-se do academicismo, isto é, deve ter íntima relação com a realidade do aluno para que, dessa forma, o ensino seja funcional e transformador. Entretanto, o que observa-se na atualidade é a padronização do educação para todas as classes sociais, o que impede que a população menos abastada, por exemplo, seja contemplada efetivamente pelos objetivos da escola, o que acarreta no desinteresse desse grupo pela formação educacional e, consequentemente, no aumento das taxas de evasão escolar, o que torna os jovens mais vulneráveis à criminalidade, uma vez que passam mais tempo nas ruas. Dessarte, a atual metodologia brasileira nas instituições de ensino é insuficiente para garantir que os jovens permaneçam nas escolas, o que contribui para o aumento de crimes cometidos por essa faixa etária.
Outrossim, é de suma importância analisar o desmazelo governamental como outro fator que instiga a permanência da problemática na nação. Nesse ínterim, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), cabe ao Estado garantir que os infantes tenham acesso a direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando-lhes oportunidades e facilidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Todavia, na contemporaneidade, o que ocorre vai de encontro à prerrogativa constitucional, visto que o descaso das autoridades para com as crianças e adolescentes brasileiros - principalmente aqueles que vivem em periferias - é parte da realidade do território nacional. A exemplo disso, tem-se o grande número de famílias que vivem em condições deploráveis, fazendo-se necessário que a criança abandone a escola para ajudar na renda familiar, fato que impulsiona a entrada desses jovens no mundo da criminalidade como forma de sustento. Assim, a incúria do poder público impede que as infrações cometidas pela população pueril sejam mitigadas.
Urge, pois, diante dos aspectos supracitados, que as escolas adotem projetos políticos pedagógicos que torne o infante mais interessado no ambiente escolar, por meio da criação de atividades extracurriculares, como aulas de música, dança e prática de esportes, para que o jovem passe menos tempo nas ruas e, dessa forma, esteja menos suscetível a influências de criminosos. Ademais, cabe ao governo garantir a efetividade das garantias constitucionais, por meio de fiscalização dos lares e garantia de suporte a famílias de baixa renda, com o fito de assegurar que os jovens permaneçam nas escolas e, portanto, longe das influências da criminalidade.