Tema – “Desafios para mudança na cultura de adoção no Brasil”
O poeta Manoel de Barros em sua obra “A trilogia do traste” evidencia a importância das coisas que são desvalorizadas pela sociedade. Fora da poesia, a lógica do autor pode ser aplicada em relação aos desafios para mudança na cultura de adoção no Brasil, os quais tem como fatores preponderantes a falta de incentivo a adoção tardia e da perpetuação de conceitos errôneos relacionados a adoção.
A princípio, é possível observar que a cultura da adoção no pais está marcada por estereótipos que perpetuam a escolha dos pretendentes em recém nascidos e crianças menores, com a justificativa que, pela pouca idade, são mais fáceis de se adaptar ao meio familiar. A prática da adoção tardia é então prejudicada e as consequências são crianças e adolescentes sem prioridade de adoção, com riscos de serem rejeitadas no processo. É preciso que haja a desmitificação desses estereótipos, pois qualquer adoção acompanhada por profissionais poderá ter êxito.
Por conseguinte, é necessária a mudança do ponto de vista da adoção, pois ela deve ser relacionada a garantia de direitos constitucionais previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e não a atos de caridade, por exemplo. A obra “O morro dos ventos uivantes” da autora Emily Bronte exemplifica essa afirmação ao retratar, a história do personagem Heathcliff e como o mesmo foi prejudicado emocionalmente, após ser adotado por uma família que o impedia de ter seus direitos enquanto indivíduo. Dessa forma, fica claro que a mudança do conceito adotivo pode acarretar consequências positivas para os indivíduos neste processo.
Logo, é imperativo que o Governo Federal, aliado a órgãos responsáveis pelo processo de adoção como o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mobilize através de incentivos financeiros, campanhas de incentivo a adoção tardia e os benefícios da mesma, com o objetivo de trazer informação a sociedade e desmitificar estereótipos que cerceiam esse meio. A mídia pode auxiliar através de propagandas que esclareçam a adoção e também a divulgação de números de assistências locais. O Legislativo deve criar leis rígidas que beneficiem o processo adotivo acompanhado por psicólogos e assistentes sociais para lograr êxito no processo adotivo.