O jornalista Gilberto Dimenstein, em sua obra "Cidadão de Papel", afirma que a legitimação de uma sociedade democrática exige a garantia dos direitos fundamentais de um povo. No entanto, ao observar as consequências do fenômeno social dos "rolezinhos" e a sua representatividade na sociedade brasileira, constata-se que o direito à cultura, elencado na Constituição de 1988, não tem sido assegurado de fato. Com efeito, é imprescindÃvel enunciar o aspecto sociocultural e a insuficiência legislativa como pilares fundamentais da chaga.Â
Nesse contexto, torna-se evidente a influência do fator sociocultural. Sob tal perspectiva, é oportuno assinalar que, conforme o sociólogo Émile Durkheim, um fato social deve ser analisado de modo crÃtico e distanciado do senso comum. Nesse viés, a proposta do pensador pode ser aplicada quando se observa que os encontros ou "rolezinhos", são um importante fator para a manutenção da cultura no paÃs, visto que eles promovem a discussão sobre áreas como a música, moda e estilos de vida. Destarte, dissertar criticamente sobre a realização desses eventos é o primeiro passo para a consolidação de uma sociedade equânime.Â
Ademais, é cabÃvel pontuar que a ineficácia das leis corrobora a persistência da vicissitude. A esse respeito, o filósofo grego Aristóteles afirmou que o objetivo da legislatura é promover a vida digna aos cidadãos. Nesse sentido, a conjuntura vigente contrasta o ideal aristotélico, posto que a ausência de polÃticas públicas que promovem ações que desenvolvem e preservam a cultura, como os "rolezinhos", tem contribuido para formar uma má representatividade desses encontros. Desse modo, faz-se imperiosa a reformulação dessa postura estatal.Â
Infere-se, portanto, que o imbróglio abordado necessita ser solucionado. Logo, concerne ao Ministério das Comunicações -órgão máximo regulador da telecomunicação do paÃs- promover debates com sociólogos e autoridades polÃticas, por meio de programas televisivos vinculados em canais de sinal aberto e horário de grande audiência, com o objetivo de mostrar a real importância dos "rolezinhos" e desenvolver medidas para a sua promoção. Feito esses pontos, com a visão crÃtica de Durkheim e a justiça de Aristóteles, a comunidade brasileira deixará de ser formada por cidadãos de papel, como enfatizou Dimenstein. Â