Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em uma de suas obras, a "Teologia do Traste", cuja principal característica reside em dar valor às situações frequentemente ignoradas. Diante desse cenário, a ideologia barrosiana está distante de ser a realidade no Brasil, na medida que os desafios da sexualidade na adolescência se fazem presente no país, o que se mostra um grave problema social. Com efeito, há de ser combatida a indiferença social, bem como a omissão do Estado. Sob uma primeira análise, a negligência da comunidade perpetua o alto índice de jovens desinformados acerca da sexualidade na nação verde-amarela. Nessa perspectiva, a escritora brasileira Martha Medeiros discorre, em uma de suas obras, sobre a falta de debate social, afirmando que o indivíduo silencia aquilo que ele não quer que venha à tona. À vista disso, mesmo na contemporaneidade, a indiferença denunciada por Martha ainda é a realidade na conjuntura social, uma vez que substancial parcela da sociedade não é capaz de enxergar a importância da inserção de medidas preventivas acerca da saúde sexual desde a adolescência e, consequentemente, potencializando o aumento da gestação nessa fase do indivíduo, bem como a intensa propagação de Doenças Sexualmente Transmissíveis, logo, podendo acarretar danos irreparáveis, como a evasão escolar e risco à saúde desses. Dessa forma, a ignorância social fragiliza o bem-estar dos jovens brasileiros e prejudica o coletivo. De outra parte, a ingerência estatal pode colocar em risco a saúde pública da comunidade brasileira. Nesse viés, a Constituição Federal de 1988 - norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro - assegura a todos a saúde. Entretanto, o Estado se mostra incapaz de garantir tal direito proposto no artigo 6°, porque não há políticas públicas eficazes para a solução do combate a valorização do ensino sexual, como a introdução de eventos pedagógicos, que seriam capazes de estimular a valorização dessa temática. Desse modo, os direitos previstos na Carta Magna permanecem, infelizmente, apenas no papel. Urge, portanto, que os entraves da sexualidade na adolescência sejam combatidos. Para isso, o Ministério da Educação, com urgência, deve colaborar para a efetiva qualidade de vida dos jovens brasileiros, por meio de eventos pedagógicos, que seriam ministrados por biólogos, a fim de proporcionar toda a informação necessária sobre essa temática. Assim serão garantidos os direitos da Constituição de 88 na prática, e o país será justo, livre e igualitário, por conseguinte, a ideia barrosiana será a realidade entre os adolescentes brasileiros.