O uso exarcebado de plástico e suas consequências para o meio ambiente
No livro '’Ensaio sobre a cegueira’’, do escritor português José Saramago, é exposta a cegueira moral, caracterizada pela alienação da sociedade frente aos problemas sociais. Longe da obra literária, mas de modo análogo, uma substancial parcela dos brasileiros tornam-se inertes diante do uso exacerbado de plástico e suas consequências para o meio ambiente. Com efeito, para encontrar caminhos para combater esse impasse, faz-se profícuo discutir sobre a omissão estatal e o capitalismo.
A princípio, é lícito destacar uma falta de atuação governamental para mitigar os impactos do uso exagerado de plástico. A esse respeito, a Constituição Federal de 1988 prevê, como direito fundamental de qualquer indivíduo, o objetivo de garantir que o meio ambiente seja ecologicamente equilibrado. Ocorre que o Estado brasileiro se mostra incapaz de assegurar, na prática, o ideal proposto pela Carta Magna, na medida em que são insuficientes os projetos sociai que estimulem o consumo consciente, além do descarte adequado de plástico. Assim, esse material, muitas vezes, é responsável por ocasionar enchentes e doenças na população. Logo, não é razoável que, embora almeje ser uma nação desenvolvida, o Brasil ainda conviva com as consequências desse problema em seu território.
Ademais, o capitalismo é outro fator que contribui para a manutenção do uso demasiado de plástico. Nessa lógica, desde a Primeira Revolução Industrial, esse sistema focou na obtenção de riquezas e, com o advento da tecnologia, houve a necessidade de ampliar o mercado consumidor. No entanto, para o desenvolvimento de novas mercadorias, o plástico é utilizado como matéria-prima. Nesse contexto, o estímulo constante para adquirir diferentes produtos é nocivo ao meio ambiente, uma vez que esse material é responsável por contaminar rios e os solos. Sendo assim, é inadmissível que esse cenário permaneça no país.
Portanto, cabe ao Ministério do Meio Ambiente, cuja função é garantir o bem-estar social e o ambiental, crie campanhas para estimular o uso consciente de plástico, além de fornecer aos municípios uma adequada coleta seletiva. Isso deve ser feito por meio de investimentos governamentais, com o intuito de garantir o direito constitucional à população. Com essas medidas, gradativamente, o corpo social brasileiro divergirá da metáfora proposta por Saramago.