Tema: Os desafios do empreendedorismo no Brasil
O dorama "Apostando Alto" retrata a história de Daomi, uma jovem empreendedora, que sonha em ter a própria empresa de tecnologia sul-coreana, mas, em decorrência da fragilidade financeira e da falta de incentivo, teve que lidar com muitos empecilhos para efetivar a sua conquista.Entretanto, as dificuldades enfrentadas por Daomi não se restringem à ficção, haja vista que substancial parcela dos brasileiros são submetidos à diversos obstáculos para conquistarem a autonomia empresarial.Desse modo, há de se combater a desigualdade social, bem como a precária estrutura da educação do Brasil.
A princípio, é indubitável que a concentração de renda colabora para a insuficiente presença do empreendedorismo. Nessa conjuntura, desde o período da colonização do Brasil-iniciada no século XVI, voltada para a exploração dos recursos- as elites mantêm privilégios e o controle econômico, enquanto outra parcela é marginalizada. A esse respeito, um contingente significativo de indivíduos são privados de ascenderem economicamente em virtude da falta de oportunidades para se tornarem empreendedores, o que, em uma nação marcada pela exploração colonial,subjuga-os a não priorizarem a possibilidade de administrarem o próprio negócio. Dessa maneira, enquanto a desigualdade social for a regra, o empreendedorismo será a exceção, isto é, um privilégio.
Outrossim, o sistema retrógrado das escolas inviabiliza a ascendência do âmbito empreendedor na realidade brasileira. Nessa perspectiva, o modelo escolar que ainda está vigente no país baseia-se no método do período da Revolução Industrial inglesa do século XVIII, a qual impõe a uniformização do comportamento para se chegar à submissão do indivíduo.Essa subserviência manifesta-se desta forma no país: os brasileiros não são estimulados a terem sucesso nas suas finanças, mas sim a dependerem dos seus empregadores. Antes, o empreendedorismo daria a possibilidade de rapazes e moças emergirem socialmente e de exigirem melhores condições de emprego e de vida, o que, no Brasil, não era- e ainda não é- o interesse das classes dominantes. Dessa forma, não é razoável que, embora almeje tornar-se nação desenvolvida, o Brasil negligencie a importância do empreendedorismo.
Há de se buscar, portanto, alternativas capazes de resolver o impasse. Para tanto, o Ministério da Cidadania, instância responsável pelo desenvolvimento social, deve problematizar a histórica cultura de pobreza, que ainda permanece enraizada na sociedade. Isso será feito mediante um pacote de ações a serem incluídas na lei Plurianual, a saber: investir em regiões menos favorecidas economicamente e realizar projetos que auxiliem os cidadãos a progredirem em suas finanças, a fim de evitar, no país, a desigualdade no acesso ao empreendedorismo. Ademais, impende que as instituições educacionais viabilizem a educação empreendedora, por meio da qualificação eficaz do corpo docente e da atualização do currículo escolar, com o intuito de capacitar os indivíduos a gerenciarem seus próprios negócios. Assim, espera-se, com essas medidas, que histórias como a do dorama “Apostando Alto” sejam, em breve, apenas ficção.