No filme brasileiro "Até que a Sorte nos Separe", o protagonista Tino recebe uma grande quantia em dinheiro que ganhou com a loteria, no entanto, em cerca de 10 anos o protagonista e sua família gastam todo o dinheiro e precisam declarar falência. Fora da ficção, o Brasil conta com uma educação desigual destribuída pelo país, consequentemente, são poucos que conseguem o acesso à educação financeira na escola, de modo que, casos como o de Tino se repitam cada vez mais no país. Além disso, a educação financeira é ainda mais exclusiva se analisar o crescente número de pessoas que se quer tem o que comer, quem dirá planejar os gastos mensais e pensar em investimento a curto, médio e longo prazo.
Em primeira vista, cabe citar que o país possui um vasto território, e, consequentemente, desigualdades sociais absurdas. Diante disso, são poucos os que têm contato com a educação financeira desde a infância, caracterizando, segundo o jornal "Estadão", apenas 3% da população brasileira. Assim, a máquina pública se apresenta ineficiente para democratizar o acesso à educação financeira no Brasil, visto que casos de endividamento e falta de planejamento financeiros fazem parte da rotina de pessoas que tiveram o privilégio de ter uma educação boa e particular durante seu desenvolvimento.
Ademais, a crise econômica ascendente no país, ocasionada pela má gestão da pandemia de COVID-19, é outra causa dessa adversidade. Conforme uma matéria publicada pelo jornal "Carta Capital", o Brasil retornou ao mapa da fome em 2021, do qual não fazia parte desde 2014. Assim, com parte da população vivendo em condições precárias e sem segurança alimentar, é utópico imaginar que a preocupação com investimentos e planejamentos de gastos ocorra. Diante disso, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Destarte, é necessário que medidas sejam tomadas para garantir o acesso à educação financeira nas escolas brasileiras, principalmente na rede pública. Nesse sentido, é mister que o Estado, juntamente com o Ministério da Educação, aumente o teto de gastos para a área de educação, visando melhorar a infraestrutura escolar e, por conseguinte, conseguir comportar aulas de educação financeira para jovens que, mesmo que em situação de pobreza, consigam manejar corretamente seu capital. Desse modo, se concretizará uma geração mais consciente do seu poder de compra e investimento e, assim, casos como o de Tino, em "Até que a Sorte nos Separe", se manterão apenas na ficção.