A partir do século XX, a Revolução Técnico Científica Informacional - período de crescimento da informática - promoveu uma série de mudanças e transformações na forma de organização da sociedade e exigiu constante aperfeiçoamento frente à tecnologia. Todavia, a falta de uma educação voltada para as ciências digitais criou um tecido social com grande incompatibilidade tecnológica: os analfabetos digitais. Com efeito, há de se desconstruir os problemas enfrentados por essa parcela da população no Brasil, que passam pela exclusão mercadológica e social.
Em primeiro plano, evidencia-se que a dificuldade de inclusão no mercado de trabalho fragiliza a dignidade dos analfabetos digitais. Segundo o pensador Pierre Lévy “toda nova tecnologia cria seus excluídos”. Ocorre que com a Terceira Revolução Industrial, houve uma mudança no eixo de combate dos empregados em relação aos patrões: no passado, o grande problema era a exploração do trabalhador, entretanto, com a era digital, o que se combate é a irrelevância - indivíduos que não conseguem acompanhar as evoluções tecnológicas. Assim, enquanto a falta de incentivo ao aprimoramento tecnológico se mantiver, haverá uma nova massa de excluídos.
Além disso, o uso da tecnologia também é uma forma de relacionamento humano. A esse respeito, o criador da World Wide Web, Tim Berners Lee, afirmava que a Era Digital reconfiguraria as relações humanas, de modo que o contato com o outro seria remediado pela tecnologia. Nesse viés, a afirmação de Lee se concretizou e as pessoas que apresentam algum nível de incompatibilidade tecnológica, ou que não possuem acesso a esses meios, enfrentam dificuldade em se inserir na vida em sociedade. Dessa forma, é incoerente que em uma sociedade evoluída ainda exista uma grande parcela de analfabetos digitais.
Infere-se, portanto, que medidas interventivas são necessárias. Desse modo, cabe ao Ministério da Educação, conjuntamente ao Ministério da Tecnologia, tornar obrigatório o ensino do uso e gerenciamento de novas tecnologias, por meio da criação da disciplina de “Educação Digital” nas escolas de ensino médio, de modo a preparar os alunos para o mercado de trabalho. Essas iniciativas teriam como finalidade reduzir a exclusão causada pelo analfabetismo digital e construir uma sociedade mais adaptada às mudanças trazidas pelas evoluções informacionais.