Ao longo do movimento iluminista europeu no século XVIII, percebeu-se que uma sociedade só progride quando um indivíduo se mobiliza em favor do outro. Entretanto, especificamente no Brasil, é notório que esse balanço não é uma realidade, uma vez observados os efeitos do bullying na sociedade, os quais têm gerado sérias consequências para as vítimas e impactos significativos à ordem social. Tal empecilho, decorre não só devido à postura individualista e preconceituosa de cidadãos, como também a falhas no âmbito familiar.
À luz dessa conjuntura, evidencia-se a postura individualista e preconceituosa de muitos indivíduos como fator preponderante para a ocorrência do entrave. Segundo Zygmunt Bauman, filósofo polonês, a sociedade atual é fortemente influenciada pelo individualismo. Nesse sentido, a prática do bullying, principalmente entre os jovens, advinda de um sentimento de querer ser mais popular, poderoso e ter uma boa imagem de si mesmo, instiga a cometer depreciações, humilhações e até violência física contra colegas, principalmente em discriminação ao gênero, condições físicas e sociais destes. Atos como esses, por sua vez, causam efeitos negativos para quem é vítima, gerando complicações psicológicas, físicas e sociais, a saber depressão, indução ao suicídio, desinteresse em socializar, fobias, problemas de saúde, dentre outros. Logo, é substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperioso pontuar que há falhas no âmbito familiar que contribuem para que os efeitos do bullying perdurem na sociedade. Sob essa perspectiva, em muitas famílias brasileiras não há conscientização e/ou exortação por parte dos pais e responsáveis para com seus jovens e crianças a respeito do tratamento que efetuam com outros e se esse não carrega um viés discriminatório ou que cause algum sofrimento aos colegas. Consequentemente, a falta de diálogo familiar e o silenciamento entre os entes corrobora para que esses jovens ou crianças continuem praticando bullying ou não vejam problemas em cometer atos do tipo. Assim sendo, as vítimas desse tipo de violência continuam a sofrer psicologicamente, fisicamente e tendem a retrair-se perante a sociedade.
Portanto, torna-se necessário coibir os efeitos do bullying na sociedade. Sob esse viés, cabe ao Governo Federal em parceria com o Ministério da Educação, através das escolas - com seu poder transformador - criar um projeto de mobilização nacional, voltado à população, que vise o combate ao bullying como forma de inibir seus efeitos nos indivíduos e a desordem à sociedade, por meio de campanhas e palestras com distribuição de folhetos, orientação às famílias do proceder no âmbito familiar com jovens e conscientização dos malefícios deste tipo de violência, a fim de erradicá-lo do meio. Assim, poder-se-á caminhar rumo ao ideal iluminista do século XVIII.