Na obra "Revolução dos bichos", de George Orwell, é retratada uma sociedade separada por classes: aqueles que sabiam ler controlavam os analfabetos. Fora da ficção, é notório que a obra literária pode ser relacionada à questão do analfabetismo funcional no Brasil, haja vista que a incapacidade de leitura e escrita constituem-se como mecanismos de fácil manipulação. Ora, é necessário discutir a inércia familiar e governamental na construção de seres, a longo prazo, facilmente, influenciáveis.
Essa problemática se deve, a princípio, à omissão dos familiares que fomentam a substituição da leitura construtiva pelo aparato tecnológico, como jogos virtuais. Nesse viés, sob a perspectiva da filósofa Simone de Beauvoir, "pior dos problemas sociais é aquele, no qual o povo já se habituou a eles". Isso porque se tornou um hábito maçante dos dias atuais entreter a criança por meio de uma distração mais fácil: jogos online, os quais, muitas vezes, não estimulam o hábito de escrever e ler. Logo, o costume em introduzir, frequentemente, mecanismos digitais para "educar" geram, assim, lacunas no desenvolvimento cognitivo das crianças, as quais serão adultos alienados por não saberem interpretar o que leem.
Outrossim, é imperativo pontuar a inação do Governo, dado que o ensino nas escolas brasileiras encontram-se, extremamente, defasados. Desse modo, isso pode ser observado na obra musical "Estudo Errado", de Gabriel Pensador, a qual faz crítica ao ensino superficial e precário dos colégios. Decerto, o sistema educacional brasileiro é construído de forma análogo ao fordismo, ou seja, como uma espécie de linha de montagem e tempo mecânico, o qual se transforma em uma experiência de aprendizagem maçante e as crianças não criam a vontade pela leitura e escrita. Nesse sentido, não é razoável que a perpetuação do analfabetismo absoluto, motivado pela incúria do Estado, permaneça em um país que almeja torna-se uma nação com indivíduos, intelectualmente, desenvolvidos.
Infere-se, portanto, a necessidade de medidas para que o iletramento seja minimizado no país. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação ofertar, em espaços públicos, por exemplo, em parques, pontos que forneçam livros, até mesmo, para trocar os já lidos por outros novos, em uma espécie de "locação" gratuita de obras literárias. Isso pode ser feito em prol do incentivo para que os pais desconecte os seus filhos de jogos e optem pelo uso da biblioteca nos parques e, também, estimular a interpretação da criançada. Ademais, convém as escolas promoverem o estímulo à leitura com aulas dinâmicas que abrangem de forma prática a produção textual, de forma que uma vez inseridas na rotina dos indivíduos, tornará a compreensão objetiva e familiarizada com o ler. Diante disso, será tangível dissipar os pressupostos arraigados na "Revolução dos bichos" na atualidade.