TEMA: “POBREZA MENSTRUAL NO BRASIL”
Na série “Degrassi”, disponível na plataforma de “streaming” Netflix, é narrada em um episódio a história de Lola: uma jovem que deixa de frequentar a escola quando está menstruada, já que não tem dinheiro para comprar absorventes. Fora das telas, é fato que grande parte da comunidade brasileira é afetada pela pobreza menstrual, a qual é potencializada, sobretudo, pela falta de informação e pela desigualdade socioeconômica. Cabe-se, então, alcançar medidas efetivas de combate à essa crise de saúde pública que assola o país.
Sob tal ótica, é importante destacar que a ausência de informações relacionadas à saúde da mulher colabora com a manutenção da problemática. Isto é, a pouca discussão sobre o funcionamento do organismo feminino, como a estrutura anatômica e o ciclo menstrual, está diretamente atrelada ao tabu instaurado na sociedade. Esse cenário teve início na Grécia Antiga, por volta do século V, quando a menstruação era considerada uma maldição dos deuses. Logo, deveria ser censurada para não afetar outros indivíduos. Nessa perspectiva, a barreira comunicativa inviabiliza a transferência de conteúdos básicos, como o modo de usar o absorvente e a forma de se manter a higiene adequada, especialmente em extratos sociais carentes.
Ademais, vale ainda salientar que as disparidades sociais e econômicas acentuam o cenário crítico de carência menstrual no Brasil. De acordo com dados apresentados pela revista Viva Bem, 94% das mulheres de baixa renda estão submetidas a tal situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, a falta de acesso à água, a saneamento básico e a coletores menstruais, os quais são muito caros, leva essa parcela comunitária a adotar alternativas que podem provocar danos ao seu corpo, como o uso de sacolas plásticas para conter o fluxo de sangue. Dessa forma, a utilização de recursos incompatíveis e a debilidade emocional provocada pelos hormônios nessa fase prejudicam a saúde física e emocional dos sujeitos que menstruam.
Portanto, é fundamental que o Ministério da Educação, órgão responsável pela promoção de atividades educativas no território nacional, desenvolva nas instituições de ensino projetos relacionados à saúde feminina, por meio de palestras e rodas de conversas com a participação de ginecologistas e da família, a fim de fomentar o diálogo e difundir conhecimento. Além disso, é necessário que o Ministério da Saúde crie um plano de amparo para o público que menstrua, mediante à oferta gratuita de absorventes para populações carentes, com o fito de promover dignidade no cuidado menstrual. Só assim, divergente da realidade vivenciada por Lola, o Brasil caminhará em direção a um futuro de avanço na saúde pública e desvinculado da pobreza menstrual.