O filme norte-americano “Mãos Talentosas” retrata a história real de um jovem negro que por incentivo da mãe analfabeta, adquiriu o costume de ler dois livros por semana, se tornando um leitor voraz e posteriormente um renomado neurocirurgião. Entretanto, fora da ficção, a realidade brasileira é completamente diferente e o hábito da leitura enfrenta inúmeros impasses para se consolidar na sociedade atual. Dentre os principais desafios estão a falta de interesse por parte da população e o alto valor cobrado pelos livros.
Em primeira análise, é importante destacar que o desprezo com o exercício da leitura retarda a disseminação da prática no país. Acerca disso, de acordo com o poeta e cronista brasileiro Carlos Drummond de Andrade, “a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, quase a totalidade não sente essa sede”. Seguindo essa linha de raciocínio e analisando o levantamento do Instituto Pró-Livro, que diz que o brasileiro lê em média 4.96 livros por ano, e desses, 2.53 não são terminados, compreende-se como o desinteresse da população se transforma em um grande obstáculo para a leitura no Brasil.
Ademais, vale ressaltar que o encarecimento dos exemplares literários também constitui um empecilho para os consumidores de todo o país. Sobre isso, de acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, os indivíduos das classes A e B representam 68% do público leitor brasileiro, e desses, 70% tem uma renda familiar que ultrapassa 10 salários mínimos por mês. Dessa forma, observando tais dados, fica claro que o preço dos livros é um entrave para o acesso e a prática da leitura no Brasil, sobretudo entre o público das classes C, D e E, que acabam sendo excluídos por não possuírem poder aquisitivo suficiente para consumir a literatura.
Torna-se evidente, portanto, que medidas se fazem necessárias para consolidar a prática da leitura no Brasil. Diante disso, cabe ao Ministério da Educação (MEC), órgão responsável por promover a educação e a cultura no país, por meio de uma maior destinação de investimentos, a criação de programas de distribuição que visem tornar os livros mais acessíveis à todas as classes sociais, além de veicular campanhas publicitárias em canais abertos de televisão, que expliquem os benefícios da leitura e incentivem os não-leitores a ler, objetivando neutralizar os desafios que impedem o avanço da leitura no Brasil.