“Bota abaixo", essa foi a expressão usada pelo prefeito do Rio de Janeiro, no início do século XX, para designar as reformas urbanísticas feitas na cidade visando a sua reestruturação e retirada do status de “cidade insalubre”. Essa redefinição para se equiparar com os padrões europeus causou a demolição de diversas moradias, obrigando a população mais pobre a se mudar para os morros e periferias. Nesse contexto, é possível perceber que atos como esse gerou impactos na mobilidade urbana da população brasileira, tal como a dificuldade de acesso a direitos básicos e a exposição crônica a poluentes.
Convém ressaltar, a princípio, que os cidadãos periféricos, por residir mais distante dos centros urbanos, possuem maiores impasses para ter acessos aos direitos fundamentais. De acordo com o artigo 6º, da Constituição Federal de 1988, é assegurado "direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, ao transporte, ao lazer(...)”, portanto há um dilema na questão do cumprimento desses apontamentos. Nesse sentido, além de não estar sendo cumprida a capacidade de ir de um local para outro, também garantias essenciais não estão.
Além do mais, ressalta-se que o contato constante de indivíduos da periferia com poluidores é um impacto latente da mobilidade urbana. Na década de 50, o então presidente Juscelino Kubitschek, implantou um “Modelo Rodoviarista”, que consistia no melhoramento das rodovias brasileiras. Entretanto, no momento atual, esse planejamento gera os constantes congestionamentos que consequentemente acarreta na exposição a poluição do ar e sonora e o maior tempo das partículas de covid-19 suspensas. Assim, por residirem distantes de seus afazeres e pela dependência do transporte público, a periferia é bastante afetada.
Dessa maneira, uma intervenção se faz necessária. Para esse fim, o Ministério de Infraestrutura deve criar melhores planos de adaptação para as cidades, por meio da ajuda de arquitetos e engenheiros especializados na transformação de espaços urbanos, a fim de que de uma maneira sustentável consiga-se diminuir os impactos causados pela mobilidade urbana. Tal ação, deve vir com um foco nas regiões periféricas, com soluções que garantam o bem-estar de todos. Posto isso, espera-se que o “Bota abaixo” permaneça apenas na história.