No longa-metragem “Wall-E”, da Pixar, retrata-se uma sociedade distópica caracterizada pelo consumo exacerbado e, consequentemente, por uma produção intensa de resíduos. Analogamente, evidencia-se o dialogo entre a realidade e a ficção cinematográfica, à medida que a questão do lixo representa uma problemática não resolvida na sociedade brasileira contemporânea. Nesse sentido, destacam-se o consumismo e a industrialização não sustentável como catalisadores do problemático cenário apresentado. Dito isso, é cabível debater os impactos da temática abordada, com o objetivo de propor medidas estatais de combate ao imbróglio.
À luz dessa perspectiva, constata-se o consumo inconsciente da população pela influência da dinâmica capitalista como o responsável pelo aumento de resíduos na superfície terrestre. Isso porque, consoante ao sociólogo alemão Herbert Marcuse, a dinâmica capitalista, por intermédio de métodos coercitivos, internaliza na sociedade falsas necessidades, induzindo-a a um padrão de consumo irracional, a fim de fomentar o lucro. Nesse viés, salienta-se que esse contexto aliado ao descarte incorreto se configura como um empecilho para supressão do problema, pois os resíduos são direcionados a lixões a céu aberto, onde não há o tratamento adequado, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Sendo assim, aponta-se a necessidade por estimular o consumo racional dos cidadãos, com a finalidade de impedir a perpetuação do panorama apresentado.
Outrossim, ressalta-se o padrão de industrialização não sustentável como um empecilho à diminuição desses resíduos no meio ambiente. Nessa linha de pensamento, denota-se como uma alternativa sustentável o designo desses materiais às empresas especializadas em reciclagem, visto que esse processo permite a reinserção do lixo reciclado na dinâmica de produção capitalista. Dentro desse prisma, permite-se afirmar essa mudança na forma de produção industrial como benéfica à manutenção equilíbrio ecológico e à economia, conforme reduz a carência pela exploração das matérias-primas oriundas do meio ambiente e as despesas das empresas, dado que a matéria reciclada é vendida abaixo do valor mercado, o que barateia o processo produtivo. Dessa maneira, corrobora-se a promoção do desenvolvimento econômico sustentável como primordial a resolução da problemática do lixo em território nacional.
Em vista do exposto, é mister ao Estado tome medidas para atenuar a questão do lixo na sociedade brasileira. Portanto, cabe ao Ministério da Educação criar o programa “Repensando o lixo” – o qual visará estimular a responsabilidade ambiental dos discentes –, por meio da inserção à Base Nacional Comum Curricular, com o fito de elucida-los, a partir de palestras com participação ativa dos alunos, sobre as consequências do consumo irracional ao meio ambiente. Além disso, é dever do Ministério do Meio Ambiente incentivar o empresariado nacional a adotar o modelo de industrialização sustentável, mediante a oferta de subsídios fiscais as empresas que aderirem ao projeto, a fim reinserir os resíduos reciclados na atividade produtiva, o que mitigaria a exploração dos recursos naturais. Desse modo, impedir-se-á a concretização da realidade ficcional de “Wall-E”.