O programa de televisão “Chaves” retrata as dificuldades vivenciadas por uma criança em situação de rua. Para além da obra, observa-se os desafios em garantir o direito à moradia no Brasil. Nesse contexto, convém analisar a incapacidade do Governo em promover medidas profiláticas e paliativas como principal causa desse empecilho.
Primeiramente, a ineficácia das ações governamentais contribui para o agravamento da situação. De acordo com a teoria do “Monstro Macrocéfalo”, idealizada por Raymundo Faoro, o Estado elabora muitos projetos atenuantes, entretanto, não são bem desenvolvidos. Paralelo a isso, infere-se que a falta de comprometimento em ações, como “Minha casa, minha vida”, contribui para o cenário. Consequentemente, tem-se um grande número de brasileiros desamparados pelos projetos, visto que as condições necessárias para conseguir um financiamento não fazem parte da realidade econômica de boa parte da população. Assim, a macrocefalia estatal proposta por Faoro materializa-se na medida em que são priorizadas as normas em detrimento das ações.
Ademais, é importante enfatizar a apatia estatal frente a ações que visem melhorar a qualidade de vida da população. A saber, o estudioso Gilberto Dimenstein, na obra intitulada “O cidadão de papel”, disserta sobre a falta da garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, propostos pela Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, na medida em que o Governo não assegura qualidade na educação e vagas de empregos, ele também colabora com o desamparo da população, a respeito da moradia. Como consequência, é observada a migração para áreas de risco e, também, o aumento da população de rua. Dessa maneira, a realidade vivenciada em “Chaves” passa a retratar a situação atual das ruas brasileiras.
Desse modo, tendo em vista os desafios em garantir o acesso à moradia no Brasil, é mister uma ação governamental para combatê-los. Para tanto, o Estado deve corrigir os problemas de base, por meio de investimentos na área da educação e no mercado de trabalho, que possibilitem o amparo socioeconômico da população, a fim de garantir renda e moradia para os brasileiros. Outrossim, o Poder Executivo deve aperfeiçoar projetos já existentes, por intermédio de debates com a administração estatal. Mediante a essas ações, os cidadão de papel deixarão de fazer parte da realidade brasileira.