"Quero é mais brincar, melhor é ser criança". Esse fragmento musical da música "Uni, duni, tê", da banda Trem da alegria, expressa as brincadeiras como forma de vivenciar a juventude de forma feliz e, consequentemente, fomentar o pleno desenvolvimento. No entanto, a contemporaneidade diverge da música, haja vista que a potencialização das tecnologias no cotidiano das crianças têm fragmentado momentos de criatividade, que poderiam ser fomentados no brincar. Ora, isso ocorre devido à inércia família que nutre, a longo prazo, problemas comportamentais.
A problemática se deve, a princípio, à omissão dos próprios pais que emergem como precursores da substituição do brincar pelo aparato tecnológico. Dessa maneira, sob a perspectiva da filósofa Simone de Beauvoir, "o pior dos problemas sociais é aquele, no qual o povo já se habituou a eles". Não obstante, jogos online e vídeos recreativos se tornaram um hábito "prático" e fácil de entreter a criança, dado que a substituição de amigos físicos e jogos reais pelos virtuais gera lacunas no desenvolvimento cognitivo, como dificuldade em socializar e ser, futuramente, um adulto produtivo. Como consequência disso, nota-se, lamentavelmente, a restrição de indivíduos a uma tela que os separam do convívio com a sociedade.
Outrossim, é imperativo pontuar que o brincar e o divertir-se, cultivados desde a infância, são essenciais para que haja o desenvolvimento de pessoas que desfrutam do conviver no corpo social. Nesse viés, conforme o psicólogo Jean Piaget, a criança desenvolve sentidos e relações com o mundo por meio de brincadeiras. Desse modo, é notório que momentos de ludicidade na infância proporcionam experiências, que possibilitam a conquista e formação da identidade do indivíduo ao longo de sua vida. Logo, a conversão do ato de brincar pelo ambiente virtual corrobora, muitas vezes, a construção de uma criança que possui, por exemplo, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), ou seja, possui dificuldades em sociabilizar.
Infere-se, portanto, que mecanismos digitais desestimulam crianças a brincarem e afetam, negativamente, a sua criatividade. Para tanto, cabe ao Ministério da Cidadania ofertar aos parentes, locais de acesso gratuito de esporte e lazer para todas as idades, como a construção de parques e academias. Além disso, os pais devem desvincular o uso da tecnologia e optar pelo uso dos parques, disponibilizados de forma gratuita pelo Governo, para recrear seus filhos, a fim de estimular o imaginário da criançada e torná-los indivíduos sociáveis. Assim, se houvesse a preocupação em cultivar a importância do brincar desde a infância, as crianças seriam mais criativas, como na música "Uni, duni, tê".