Na obra "O Espírito das Leis", Montesquieu enfatizou que é preciso analisar as relações sociais existentes em uma sociedade para, assim, aplicar as leis e abonar o progresso coletivo. No entanto, ao observar os atalhos para combater a intolerância religiosa no Brasil, certifica-se que a teoria do filósofo contrasta a realidade tupiniquim contemporânea, haja vista a persistência de perseguições pela escolha e credo de cada indivíduo. Com efeito, é imprescindível enunciar os aspectos socioculturais e a insuficiência legislativa como pilares fundamentais da chaga. É importante considerar, antes de tudo, o fator grupal. Conforme o pensador Jurgen Habermas, a razão comunicativa - ou seja, o diálogo - constitui etapa fundamental do desenvolvimento social. Nesse ínterim, a falta de estímulo ao debate a respeito da intolerância religiosa, todavia, coíbe o poder transformador da deliberação e, consequentemente, ocasiona um meio propício para a intensificação do atos ofensivos contra práticas religiosas e seus aspectos culturais. Destarte, discorrer criticamente a problemática é o primeiro passo para a ascensão do progresso sociocultural habermaseano. Além disso, merece destaque o quesito constitucional. Segundo Jean-Jacques Rousseau, os cidadãos cedem parte da liberdade adquirida na circunstância natural para que o Estado garanta direitos intransigentes. O preconceito contra a devoção dos brasileiros, entretanto, contrasta a concepção do pensador na medida em que, embora o Brasil seja constitucionalmente laico, a discriminação contra a religião e ateus fere a dignidade humana, haja vista as ofensas cruéis contra os ideais das vítimas - nos casos mais graves, a intolerância chega a agressões físicas e mortes. Dessa forma, ações precisam ser executadas pelas autoridades competentes a fito de atenuar o revés. Entende-se, portanto, a temática como sendo um obstáculo intrínseco de raízes culturais e legislativas. Logo, a mídia, por intermédio de programas televisivos de grande audiência, irá discutir o assunto com líderes de diferentes religiões e ateus, com o objetivo de mostrar as reais consequências do problema, apresentar visão crítica e orientar os espectadores a respeito do impasse. Essa medida ocorrerá por meio da elaboração de um projeto estatal, em parceria com o Ministério das Comunicações. Em adição, será realizado campanhas e projetos em escolas públicas acerca da importância e respeito às diversidades de credos. Desse modo, com a deliberação de Habermas e a justiça de Rousseau, a sociedade brasileira terá o progresso social concretizado, como enfatizou Montesquieu.