O seriado ‘’Conselho tutelar’’, televisionado pela rede RecordTV em 2014, inspira-se em casos verídicos que expõem dramas pessoais dos protagonistas, trazendo à tona casos de negligências, maus-tratos e abusos sofridos por crianças e adolescentes. Tendo em vista que o programa televisivo apresenta histórias reais, observa-se que essa questão social se instala no Brasil provocando o agravamento da violência infantil e dos danos causados pela falta de atenção às crianças no país. Nessa perspectiva, torna-se evidente o descaso do governo brasileiro e a falta de mobilização social para o combate desta problemática.
Em primeira análise, vale destacar que apesar da instituição de leis e órgãos que visam a proteção dessa classe social, tais medidas não são devidamente asseguradas, promovendo a reverberação do quadro atual. Segundo dados publicados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e ao Ministério dos Direitos Humanos, cerca de 223 agressões de diferentes tipos (físicas/psicológicas) contra crianças e adolescentes de até 19 anos são registradas diariamente no Brasil, refletindo a carência da certificação do cumprimento de leis já vigoradas. De acordo com Thomas Jefferson: ‘’A aplicação de leis é mais importante que sua elaboração’’. Fica claro que o terceiro presidente dos Estados Unidos e principal autor da declaração de independência do país previu a atualidade.
Ademais, é fundamental salientar que a cultura da violência infantil ainda perdura no meio social. Essa forma de "educação" mostra-se prejudicial quanto ao desenvolvimento psicológico e físico da criança, criando traumas e lesões em muitos infantes, cicatrizes estas que não podem facilmente ser apagadas. Essa política de agressão se mostra como um fato social que, segundo o filósofo francês Emile Durkheim, é uma maneira coletiva de agir e pensar, formada pela coercitividade, generalidade e exterioridade. A sociedade se habituou com tal ação, não pensando nos sérios prejuízos trazidos por ela. De acordo com dados disponibilizados pelo jornal R7, no Brasil, cerca de 60% das situações de agressão infantil ocorrem dentro do círculo familiar ou por pessoas próximas. Esse fato reforça que tais crimes são praticados por indivíduos que deveriam oferecer confiança e proteção a essas crianças, gerando o enraizamento do problema. Sendo assim, é inadmissível que tais ações continuem a perdurar dentro da sociedade brasileira.
Portanto, há a necessidade de combater esses obstáculos. Para isso, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), por intermédio de verbas públicas, deve fundar um programa de nome “Sem apanhar para ensinar’’, que eduque a respeito da importância da erradicação da violência infantil como forma de disciplina destinados aos pais, responsáveis ou pessoas próximas. Além disso, o Governo Federal deve instituir uma maior fiscalização das leis já existentes para a prevenção da questão. Dessa forma, espera-se que casos como os citados no seriado ‘’Conselho tutelar’’ deixem de existir dentro da sociedade, promovendo uma melhor convivência que preserve os direitos e a segurança das crianças e adolescentes do Brasil.