Segundo Sófocles: "Nada grandioso entra na vida dos mortais sem uma grande maldição". Analogamente ao pensamento do filósofo, a eclosão da revolução tecnológica e digital, apesar das contribuições para o progresso socioeconômico mundial, está atrelada a inúmeros impactos sociais na contemporaneidade brasileira; os quais corrompem a homeostase do corpo social - principalmente, no mercado de trabalho. Assim, a análise dos fatores que favorecem esse imbróglio é crucial, com o fito de reverter os danos intrínsecos ao seu imobilismo.
Dessa forma, deve-se, de início, pontuar a substituição massiva da classe trabalhadora por máquinas como um fator impactante para essa problemática. Nesse contexto, segundo dados de pesquisa da Deloitte nos Estados Unidos, a automação e a robotização trazem grandes riscos à extinção de variados empregos. Sob esse viés, a elevação dos índices de desemprego é inevitável; haja vista que a transformação digital do meio laborativo exige funcionários especializados e promotores de ações não só inovadoras, mas também dinâmicas num cenário empresarial, o que, infelizmente, revala-se como um paradoxo na realidade tupiniquim. Como resultado, numa sociedade com uma base educacional lacunar, a recorrência a informalidade torna-se a principal opção,impactando o desenvolvimento econômico e humano do país no que tange a ausência de ações mobilizadoras perante esse quadro nefasta.
Além disso, a negligência estatal, frente ao revés, revela-se um entrave difilcultador para a sua resolução. Consoante ao filósofo clássico Aristóteles, a política deve ser manuseada de modo que, através da justiça, garanta o equilíbrio social. No entanto, num quadro técnico-digital, percebe-se que tal premissa não tem sido aplicada com ênfase, visto que a flexibilização trabalhista tem promovido a precarização das relações criadas nesse âmbito, colocando em segundo plano a preservação da segurança e dignidade profissional. Logo, é inadmissível os efeitos nocivos dessa situação para a harmônia pregada pelo pensador.
Infere-se, portanto, a necessidade de medidas exequíveis que reisignifiquem a máxima de Sófocles. Posto isso, cabe ao Governo Federal - órgão responsável pelo bem-estar dos cidadãos - fiscalizar a aplicação das garantias laborativas presente na CLT, por meio do Judiciário em parceria com os sindicatos, a fim de atender as reivindicações dessa gama e punir qualquer violação desses direitos. Ademais, compete as empresas privadas, por intermédio do remanejamento dos impostos fiscais, promover cursos de aprimoração; com a finalidade de abranger e reduzir essa massa de desempregados, os quais foram lensionados por essa nova dinâmica tecnológica.