Presente na Constituição Cidadã de 1988, documento jurídico mais importante do país, o Artigo 5º garante a todo indivíduo a igualdade. No entanto, tal prerrogativa se situa somente na teoria, uma vez que, com o aumento do desperdício de água no Brasil, principalmente por parte das grandes empresas agricultoras e pastoris, o acesso a esse recurso se torna desigual, o que quebra com o preceito da Carta Magna. Assim, a análise da negligência estatal e da falta de debates, principais causadores desse problema, é necessária.
Nessa perspectiva, a ineficaz presença do Poder Público na batalha contra essa temática se configura como um empecilho. Nessa análise, Thomas Hobbes, pensador inglês, explica que o Estado deveria ser responsável por garantir o bem-estar da população. No entanto, percebe-se que o governo não vem executando ações significativas contra os altos gastos de água no Brasil, uma vez que maior parte do consumo desse recurso é utilizado por empresas agricultoras, as quais se veem sem limites frente a esse gasto exagerado, já que o Estado não cria normas contra tal problema. Logo, nessa ausência de regulação, os preceitos de Hobbes se encontram falhos no Brasil, pois nem todos os cidadãos têm acesso à água mineral.
Ademais, nota-se que o silenciamento é um impulsionador desse problema social. Nesse viés, o filósofo Foucault defende que, na sociedade pós-moderna, alguns temas são silenciados para que as estruturas de poder sejam mantidas. Isso é visível no Brasil, uma vez que, mesmo com um índice de gastos exagerados de água por parte de grandes empresas agricultoras, as mídias permanecem inertes frente a essa situação, pois a elite ruralista criou o imaginário de que o culpado por esse desperdício é a população. Assim, fica notória a tentativa de esconder um problema grave, o qual precisa ser sanado o quanto antes.
Portanto, medidas urgem ser criadas para a minimização das altas taxas de desperdício de água geradas, principalmente, pelas empresas agricultoras. Conforme isso, faz-se imprescindível que o Poder Público - principal promotor da harmonia social - atue na punição de grandes corporações ruralistas que gastarem exorbitantemente a reserva aquífera nacional, por meio de maiores fiscalizações nesses ambientes, com o recrutamento de fiscais ativos diariamente nesses locais, com o fito de tornar o acesso à água algo igualitário. Além de que a mídia - instrumento de ampla abrangência - informe a sociedade a respeito dos verdadeiros motivos para o decaimento da disponibilidade de água. Com isso, a idéia de Hobbes não seria mais algo teórico, já que o Estado passaria a dar boas condições à população.