Ao analisar a sociedade romana antiga, é evidente que a educação era inerente apenas à parcela da população pertencente à elite, por serem vistos como superiores e dignos de receberem conhecimento. Sob essa perspectiva, observamos no Brasil atual uma analogia com a civilização de Roma, visto que a educação acerca da gestação e dos meios contraceptivos não alcança a população mais pobre, o que resulta na gravidez precoce. Destarte, é necessário discorrer sobre a falta de atuação estatal nas periferias e as consequências dessa ação nas vidas das jovens que engravidam precocemente.
Em primeiro plano, é válido ressaltar a baixa atuação do Estado nas periferias, no que consiste em instruir a população jovem acerca dos meios contraceptivos. Sob essa perspectiva, o sociólogo Jessé Souza descreve essas pessoas em um conceito de subcidadania, no qual as ações estatais não atingem a população menos abastada, deixando-os à mercê da desinformação. Indubitavelmente, a educação sexual não se faz presente em grande parte das escolas de nível básico, o que agrava o problema, visto que parte expressiva das alunas possuem vida sexualmente ativa e, devido à falta de conhecimento sobre o tema, uma parcela engravida precocemente. Assim sendo, políticas públicas eficazes seriam capazes de mitigar essa problemática.
Ademais, é necessário enfatizar como a falta de instrução, que gera a gravidez precoce, tem impactos na vida da mulher. Nessa ótica, Sêneca diz: “a educação exige os maiores cuidados, pois influi sobre toda a vida”. Sob esse pensamento, a gravidez precoce reverbera na decadência do desenvolvimento pessoal da cidadã, que é impedida de exercer atividades comuns, como estudar e trabalhar. Além disso, acaba por gerar uma dependência generalizada da jovem com a família que, muitas vezes, não possui condições econômicas favoráveis para a criação de mais uma criança. Portanto, evidencia-se a necessidade de reformulações no âmbito educacional.
Depreende-se, portanto, a necessidade de se combater esses obstáculos. Desse modo, cabe ao Ministério da Saúde, órgão responsável por executar ações que garantam o bem-estar geral, em um amplo debate com o Ministério da Educação, através das mídias de massa, criar campanhas publicitárias que, de forma adequada à faixa etária, instruam a população sobre os métodos contraceptivos e como adquiri-los, ademais, esses métodos – anticoncepcionais, e pílulas contraceptivas – seriam disponibilizados gratuitamente nos postos de saúde situados nas periferias, garantindo a redução nos números de gestação entre adolescentes. Dessa forma, poder-se-á atenuar a gravidez precoce e construir uma sociedade mais justa e igualitária.