Segundo a Lei da Inércia, de Newton, a tendência de um corpo é permanecer parado quando nenhuma força é exercida sobre ele. Fora da Física, é possível perceber a mesma condição no que concerne ao problema do uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças, que segue sem uma intervenção que o resolva. Dessa forma, em razão da má influência midiática e do silenciamento, emerge um problema complexo, que precisa ser revertido.
Primeiramente, é preciso salientar que a negativa influência da mídia é uma causa latente do problema. Conforme o advogado Fabrício da Mata, a sociedade não passa de massa de manobra na mão da mídia. Nesta perspectiva, pode-se observar que a mídia, em vez de promover debates que elevem o nível de informação da população, contribui para a consolidação do problema, haja vista que possui mecanismos para garantir, por longas horas, a audiência do público infantil- como algoritmos especializados pela busca de dados que o indivíduo costuma consumir e, dessa maneira, manter o usuário conectado. Além disso, o exagero da tecnologia acarreta o crescimento do sedentarismo entre as crianças, visto que elas trocam atividades físicas por mais tempo no mundo digital.
Em segundo plano, outra causa para a configuração do problema é o silenciamento. De acordo com o filósofo Foucault, muitos temas são silenciados na sociedade moderna com objetivos claros. Nesse sentido, percebe-se uma lacuna em torno de diálogos sobre o uso indiscriminado das tecnologias de informação por crianças, haja vista a ausência dessa pauta nas escolas, nas mídias e no âmbito familiar, o que implica o aumento da falta de conhecimento da população sobre a questão, tornando sua resolução mais limitada. Outrossim, a carência de instrução para a manipulação das tecnologias de informação por parte das crianças corrobora a exposição dos menores a conteúdos adultos, uma vez que sites pornográficos são de fácil acesso.
Portanto, diante dos aspectos conflitantes relativos ao uso exacerbado das tecnologias digitais por crianças, é indiscutível a realização de ações interventivas. Para tanto, o Poder Legislativo, em parceria com o Poder Executivo, deve criar leis, a fim de assegurar a segurança das crianças quando acessarem as mídias, de modo que impeça a utilização dos algoritmos e amplie a fiscalização nas redes midiáticas. Ademais, as novas leis podem ser divulgadas por meio de canais de TV e em redes sociais. É possível, também, criar uma ''hashtag'' para ganhar mais visibilidade. Assim, os impasses do uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças deixarão de compor a realidade brasileira.