Luiza Trajano - empresária da Magazine Luiza - foi a única brasileira na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo segundo a revista Time. Embora isso seja motivo de celebração, na triste realidade brasileira persiste o fato das mulheres terem um tímido reconhecimento social, muitas vezes, inclusive, sofrendo marginalização e silenciamento. Assim, é crucial a análise de uma possível causa e consequência desse panorama em busca de encontrar medidas para revertê-lo.
Cabe salientar, de início, como o machismo estrutural e histórico condiciona a falta de reconhecimento do espaço feminino. Isso porque, consoante a teoria do habitus, do filósofo Pierre Bourdieu, após a naturalização de uma conduta, torna-se ainda mais difícil combater sua proliferação na sociedade.Tal pensamento se relaciona à herança da invisibilidade da mulher, uma vez que imperou por séculos no país a ideia do homem como provedor único e detentor de conhecimento dentro e fora do lar, visão que ainda tem resquícios na sociedade visto a hegemonia masculina nos campos sociais. Desse modo, observa-se que não é concretizada a garantia dos direitos constitucionais independente do gênero no Brasil, tendo em vista que essa cultura retrógrada impede a voz e a autonomia da cidadã brasileira.
Ademais, vale salientar,ainda, os efeitos sociais ocasionados pela falta de espaço para o público feminino e os desafios enfrentados pelas mulheres para transpô-los. Sob essa ótica, vê-se no país uma escassa participação feminina em posições de poder, como no campo político ou econômico. Além disso, quando uma mulher finalmente consegue alcançar tal patamar, sofre críticas que desmoralizam sua honra, problema que, geralmente, homens não sofrem. Essa situação é exemplificada pela ex-presidente Dilma Rousseff, já que ela teve seu corpo sexualizado em protestos pelo aumento da gasolina. Diante disso, são urgentes medidas que revertam esse quadro, posto que ele vitimiza até mesmo uma representante do Estado, o que demarca a ausência de respeito oferecido às brasileiras.
Por conseguinte, para amenizar o silenciamento feminino e desconstuir o machismo estrutural, é vital que o Estado - órgão maior responsável pela obediência à Constituição - por meio de programas sociais e culturais, combata a cultura retrógrada de desrespeito à mulher. Isso ocorreria por meio de debates e palestras com o intuito de mostrar mulheres em posições de poder e a necessidade delas de almejarem tais posições. Além disso, cabe ao Poder Legislativo e ao Judiciário penalizarem casos de desmoralização da honra feminina no Brasil, a fim de que casos como o de Dilma deixem de ocorrer. Com tais medidas, dar-se-á uma sociedade mais condizente com a Carta Magna e mulheres como Luiza Trajano não serão mais casos de exceção.