No livro " O conto da aia" uma revolução religiosa toma conta do poder político naquela realidade. Nesse sentido, o corpo feminino passa a ser alvo de diversos abusos. Fora da ficção, o contexto brasileiro assemelha-se ao ocorrido, sendo que a inexistência de ações para combater a pobreza menstrual representa uma violação dos direitos femininos. Destarte, é imperativo analisar duas causas desse contratempo: a situação escolar e a pouca estrutura nas prisões.
Em primeiro plano, o ambiente escolar apresenta-se como catalisador desse problema. Segundo a Organização Mundial da Saúde (ONU), 10% das meninas, no período escolar, não comparecem à escola durante a menstruação. Essa estimativa está presente nas instituições de ensino, visto que esse local não possui infraestrutura para tratar desse assunto. Prova disso está na ausência de absorventes higiênicos, essenciais para esse momento, e na falta de debates sobre o ciclo menstrual, por ser um âmbito conteudista, impedindo o entendimento desse processo como natural da figura feminina. Logo, como efeito, diversas alunas ficam desamparadas.
Em segundo lugar, a infraestrutura precária nas prisões alimenta essa adversidade. De acordo com John Locke, filósofo inglês do século XVII, o poder público deveria fornecer condições ideais para que todos cidadãos usufruam das suas regalias. Entretanto, esse conceito não é aplicado no país, já que o sistema prisional não possui investimentos estatais adequados. Nessa senda, como exemplo, a inexistência de produtos básicos, como xampu e sabão, ou a obtenção de poucos absorventes, sendo que a menstruação pode ter diferentes intervalos para cada mulher, torna esse ponto inadequado para a convivência feminina. Com isso, nota-se o desrespeito com os preceitos estabelecidos pelo pensador citado.
Depreende-se, portanto, que medidas são necessárias para destacar a importância de ações no combate à pobreza menstrual. Desse modo, é mister que o Estado, juntamente ao poder municipal, promova a construção de campanhas educacionais e econômicas. Essas devem acontecer nas escolas e nas cadeias, por meio de palestras que informem sobre o efeito desse problema na saúde feminina, além de políticas de investimento nas prisões, a fim de erradicar essa problemática. Dessa forma, aquilo que foi observado em " O conto da aia" poderá ser evitado.