O romance “O Sol é para todos” retrata uma sociedade extremamente racista que constantemente inferioriza e julga os negros com naturalidade. Na narrativa, escritor Harper Lee enfatiza que as diferenças sociais são capazes de deixar estigmas dentro da comunidade e de perpetuar por gerações. De maneira análoga, na realidade, ainda é um desafio se conviver com as diferenças, tendo em vista o retrocesso apresentado nos preconceitos enraizados e na insuficiência de políticas governamentais.
Em primeira análise, é lícito postular que os preconceitos enraizados retrocedem uma perspectiva de progresso. Para compreender tal questão, em seu estudo, sociólogo Erving Goffman constata a existência dos estigmas -situação em que o indivíduo está inabilitado para aceitação social plena- que quando não desmistificados, são perdurados e impedem a desconstrução das diferenças sociais. Por consequência disso, existe uma invalidação desses indivíduos que não estão inseridos em tais padrões, o que resulta em distúrbios psicológicos como, ansiedade e depressão. Dessa forma, fica evidente que medidas socioeducativas são necessárias para conter o retrocesso apontado.
Outrossim, a insuficiência de políticas governamentais também reforça uma visão retrógrada e contribui para o desafio de se conviver com o diferente. Nesse sentido, o governo federal, o interventor da união que deveria propagar a diminuição do preconceito, infelizmente falha nessa questão. A exemplo disso, a campanha do projeto Pró-Brasil, do presidente Jair Bolsonaro reforçou padrões ao utilizar uma foto constituída por crianças brancas para a divulgação do programa. Em um país visivelmente miscigenado, essa falta de representatividade reforça a manutenção das discrepâncias sociais e os estigmas supracitados, necessitando de intervenção.
Em face do exposto, ficam evidentes que os desafios de se conviver com as diferenças ainda são realidade no país. Portanto, no intuito de desmitificar os preconceitos enraizados pela sociedade, é crucial que o Ministério da Educação ministre palestras socioculturais acerca da diversidade presente no Brasil. Isso será feito por meio de debates realizados por docentes em Sociologia, com a análise do estudo de Erving Goffman, além do relato de pessoas estigmatizadas e das consequências sofridas por elas. Ademais, é dever do governo federal introduzir campanhas de heterogeneidade, com representação de vários grupos sociais para romper com os padrões criados socialmente. Feito isso, a realidade vivenciada pelo romance de Harper Lee se tornará, paulatinamente, apenas ficcional.