Em 2017, o governo Russo minimizou a violência contra mulher ao classificar agressões que deixam marcas superficiais como falta administrativa, não como crime. Paralelo a isso, na sociedade brasileira hodierna, tal panorama deletério está em vigor, já que pelos grandes índices de crimes contra a mulher, vislumbra-se a persistência da violência contra esta. Sob este viés, aponta-se como causa evidente a banalização da submissão feminina, bem como a ineficiência das leis brasileiras.
Em primeira análise, a posição da figura feminina construída na história é um empecilho à concretização de uma solução. De acordo com Hannah Arendt, filósofa alemã, o pior mal é aquele visto como corriqueiro. Desde os primórdios, o poder do homem sempre foi superior ao da mulher, sendo esta uma espécie de serva de seu marido, como a exemplo da sociedade patriarcal romana. Nesse sentido, esse problema da inferioridade feminina foi, historicamente, naturalizado na comunidade, culminando na perpetuação da vulnerabilidade da mulher diante à força social e física e física do homem.
Outrossim, a legislação simbólica é um grande impasse à resolução da problemática. Em consonância com Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de papel”, a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente ser completa na teoria, muitas vezes não se concretiza na prática. Sendo assim, apesar de existir a Lei Maria da Penha, a qual visa proteger a mulher, na prática, seu efeito está em descompasso com a teoria. Isso porque, a falta de cobertura da lei com a vítima – ou seja, a existência de uma proteção após a denúncia -, faz com que muitas mulheres tenham receio de buscar a justiça, temendo a vida durante o processo de investigação e condenação.
Portanto, faz-se imprescindível que a mídia – meio de grande alcance -, incentive o poder feminino, por meio de propagandas que elucidem a força das mulheres, com o objetivo de mitigar a posição de submissão destas na sociedade. Além disso, é necessário que o Estado – responsável pelo bem-estar social -, aja na implantação de leis mais rígidas. Assim, a persistência da violência contra a mulher não será mais uma realidade.